“What’s the law on what ya can and can’t say on a billboard?”

Todos nós somos culpados de julgarmos uns aos outros. Mesmo quando não existe preconceito ou, o mesmo, é mínimo, nós criamos ideias à volta das pessoas que, por vezes, não correspondem à realidade. Torna-se pior quando todos nós reagimos às palavras, comportamentos e actos dos outros com ideias pré-concebidas e regadas de preconceitos ou juízos de valor aos quais ninguém é legítimo de fazê-los.

O que se cria é um ciclo vicioso em que cada acção provoca uma reacção catalisada pela anterior, um género de efeito borboleta até haver alguém são o suficiente para parar e pensar no que está a acontecer.

“Three Billboards Outside Ebbing, Missouri” é isso tudo e um pouco mais…

Martin McDonagh traz-nos uma sátira à sociedade, exagerada, sim, e sarcasticamente cómica, por vezes, quase nonsense, mas que faz-nos pensar nos danos colaterais que podem advir de uma reacção em cadeia originada em raiva, ódio e mágoa.

As personagens são introduzidas de uma forma inteligente, com personalidade bem construída e a sua interacção é sempre hiperbolizada com um humor negro e sarcástico, espetando sempre o dedo na ferida, no que toca aos preconceitos criados em volta de cada personagem, tudo isto exacerbado pela naturalidade da prestação de cada elemento do elenco. Tão natural quanto é possível ser no quotidiano em que vivemos, isto é, presumindo que somos todos sempre super naturais. Ou não.

Destaque para Sam Rockwell e a oscarizada, Frances McDormand, que volta a deliciar-nos 22 anos após Fargo, aquele que foi, possivelmente, o expoente máximo da dupla de argumentistas e realizadores, Ethan Coen e Joel Coen.