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Guiné Bissau: Um País Governado por Traficantes
Guiné Bissau: Um País Governado por Traficantes

Guiné Bissau, terra onde a brigada nacional anti-crime tem apenas um carro a funcionar (e mal). Os senhores da droga são os chefes militares e do Governo.

Sugerido por João Galhardo

Guiné Bissau, uma terra onde a brigada nacional anti-crime tem apenas um carro a funcionar (e mal). No escritório há secretárias e cadeiras. Quanto a telefone, computador, ou outras maravilhas do mundo moderno… bem podem sonhar.

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O Primeiro ministro diz com toda a convicção que não há dinheiro nem para comprar uma bicicleta, mas usa Lacoste, Rolex, e tem os dedos cheios de cachuchos. Esta é uma terra dominada pelos senhores da droga, onde a corrupção é lei. Finalmente o cenário parece poder vir a mudar.

O Departamento de Justiça dos EUA já acusou o Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, de planear uma operação de tráfico de cocaína para aquele país.

Esta imputação surge depois da detenção de José Américo Bubo Na Tchuto, sendo que a acusação do Departamento norte-americano se vira agora para António Indjai, o líder guineense das Forças Armadas.

Na acusação, emanada de um tribunal de Nova Iorque, constam mais três crimes, entre eles a venda de armas para os rebeldes colombianos das FARC, como parte integrante da operação, segundo avançou a agência Reuters, esta quinta-feira, tendo como provas os documentos legais.

Este é o mais recente desenvolvimento, num prolongado braço de ferro entre as autoridades norte-americanas de combate à droga e as estruturas militares da Guiné-Bissau. Recentemente, o antigo Chefe da Armada guineense, Bubo Na Tchuto, foi capturado em águas internacionais, perto de Cabo Verde, por uma brigada norte-americana de combate ao tráfico de droga.

O responsável militar era procurado pelo suposto envolvimento no tráfico internacional de droga, sobretudo de cocaína, oriunda da América do Sul.

A operação visava, já então, a detenção de António Indjai. No entanto, o Chefe do Exército terá recusado embarcar à última hora, deixando Bubo Na Tchuto com a missão de concluir um acordo, no qual a cocaína seria trocada por dinheiro e armas destinadas às FARC.  «Não mordeu o isco», referiu um dos agentes, contactados pela agência.

No processo contra Bubo Na Tchuto, que continua detido em Nova Iorque a aguardar julgamento, a acusação sustenta que o antigo Chefe da Armada foi atraído a pela promessa de um milhão de dólares, a troco de uma tonelada de cocaína.

Segundo as autoridades norte-americanas, a instabilidade política na Guiné-Bissau, nos últimos dois anos, acentuou o papel daquele país como placa transitória do tráfico de cocaína entre a América do Sul e a Europa.

Mais de 50 toneladas de cocaína passam anualmente pela costa ocidental africana rumo à Europa, segundo dados das Nações Unidas. Para além da acusação a António Indjai, também o actual chefe da Força Aérea, Ibraima Papa Camará, integra a lista de «barões» da droga, definida pela agência norte-americana de combate ao narcotráfico (DEA).

Em Abril de 2012, António Indjai assumiu o controlo político do país através de um golpe de Estado, ao qual se seguiu a nomeação de Manuel Serifo Nhamadjo como Presidente de transição.

A legitimidade dos novos responsáveis políticos e militares não foi, entretanto, reconhecida pela comunidade internacional, como é o caso da União Europeia e da CPLP. A 18 de Abril, o representante da ONU na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, considerou que o país está a «um passo» de se tornar um «Estado falhado», caso a instabilidade não tenha uma solução nos próximos tempos.

José Ramos-Horta descreveu a situação guineense como sendo de «extrema precariedade» e acrescentou: «Se o Estado existe para dar segurança, tranquilidade, saúde, educação e justiça às populações, então vemos que há extrema precariedade na Guiné-Bissau e, daí para um Estado falhado, é um passo. O que é necessário agora é sensibilizar o Conselho de Segurança a fazer muito mais para evitar o pior na Guiné-Bissau», referiu o Prémio Nobel da Paz.

A mesma ideia é defendida pelo ex-Presidente de Cabo Verde, Pedro Pires, que actualmente integra a comissão anti-droga da África Ocidental: «O facto de ter sido precisa uma operação norte-americana para combater o tráfico de droga mostra a debilidade do Estado. Não se consegue combater o tráfico num estado onde a segurança e a justiça não funcionam», afirmou.


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Categoria/s: Curiosidades