Sam Altman é uma das figuras mais proeminentes no desenvolvimento da inteligência artificial. O CEO da OpenAI rejeitou há dias uma proposta de quase 100 mil milhões de euros por parte de Elon Musk para controlar a sua empresa.
Claramente Altman tem uma visão muito própria e tem noção do impacto inigualável que esta tecnologia vai ter nas nossas vidas ( e na fortuna de quem a controlar ).
Se o tema te interessa não podes perder esta publicação que ele fez há dias, com 3 observações sobre o ponto atual da situação e a sua visão para o futuro. Há grandes oportunidades, mas também colossais desafios pela frente!
Três Observações
A nossa missão é garantir que a AGI (Inteligência Artificial Geral) beneficie toda a humanidade.
Os sistemas que começam a apontar para a AGI estão a tornar-se visíveis, e por isso achamos importante compreender o momento em que nos encontramos. AGI é um termo vagamente definido, mas, de modo geral, referimo-nos a um sistema que consegue resolver problemas cada vez mais complexos, ao nível humano, em diversos campos.
As pessoas são construtoras de ferramentas com um impulso inerente para compreender e criar, o que leva o mundo a melhorar para todos nós. Cada nova geração constrói sobre as descobertas das gerações anteriores para criar ferramentas ainda mais capazes – eletricidade, transístor, computador, internet e, em breve, a AGI.
O Impacto da Inovação
Ao longo do tempo, com avanços e recuos, a marcha constante da inovação humana trouxe níveis de prosperidade anteriormente inimagináveis e melhorias em quase todos os aspectos da vida das pessoas.
De certo modo, a AGI é apenas mais uma ferramenta neste andaime cada vez mais alto do progresso humano que estamos a construir em conjunto. Por outro lado, é o início de algo para o qual é difícil não dizer “desta vez é diferente”; o crescimento económico que temos pela frente parece espantoso, e podemos agora imaginar um mundo onde curamos todas as doenças, temos muito mais tempo para desfrutar com as nossas famílias e podemos realizar plenamente o nosso potencial criativo.
Numa década, talvez todos na Terra sejam capazes de realizar mais do que a pessoa mais influente consegue hoje.
Observações Económicas sobre a IA
Continuamos a ver progressos rápidos no desenvolvimento da IA. Aqui estão três observações sobre a economia da IA:
1. A inteligência de um modelo de IA equivale aproximadamente ao logaritmo dos recursos utilizados para o treinar e executar. Estes recursos são principalmente poder computacional de treino, dados e poder computacional de inferência. Parece que se pode gastar quantias arbitrárias de dinheiro e obter ganhos contínuos e previsíveis; as leis de escala que prevêem isto são precisas ao longo de muitas ordens de magnitude.
2. O custo para utilizar um determinado nível de IA cai cerca de 10x a cada 12 meses, e preços mais baixos levam a uma utilização muito maior. Pode-se ver isto no custo por token do GPT-4 no início de 2023 até ao GPT-4o em meados de 2024, onde o preço por token caiu cerca de 150x nesse período. A lei de Moore mudou o mundo com 2x a cada 18 meses; isto é incrivelmente mais forte.
3. O valor socioeconómico do aumento linear da inteligência é super-exponencial por natureza. Uma consequência disto é que não vemos razão para que o investimento exponencialmente crescente pare num futuro próximo.
O Futuro dos Agentes de IA
Estamos agora a começar a implementar agentes de IA, que eventualmente se sentirão como colegas de trabalho virtuais.
Imaginemos o caso de um agente de engenharia de software, que esperamos que seja particularmente importante. Imaginemos que este agente será eventualmente capaz de fazer a maioria das coisas que um engenheiro de software numa empresa de topo com alguns anos de experiência poderia fazer, para tarefas com duração até alguns dias. Não terá as maiores ideias novas, necessitará de muita supervisão e direção humana, e será excelente em algumas coisas mas surpreendentemente mau noutras.
Impacto na Sociedade
O mundo não mudará de uma só vez; nunca muda. A vida continuará maioritariamente igual no curto prazo, e as pessoas em 2025 passarão o seu tempo maioritariamente da mesma forma que em 2024. Continuaremos a apaixonar-nos, criar famílias, discutir online, caminhar na natureza, etc.
Mas o futuro virá até nós de uma forma impossível de ignorar, e as mudanças a longo prazo na nossa sociedade e economia serão enormes. Encontraremos novas coisas para fazer, novas formas de sermos úteis uns aos outros e novas formas de competir, mas podem não se parecer muito com os empregos de hoje.
A capacidade de agência, determinação e força de vontade serão provavelmente extremamente valiosas. Decidir corretamente o que fazer e descobrir como navegar num mundo em constante mudança terá um valor enorme; resiliência e adaptabilidade serão competências úteis para cultivar.
Distribuição dos Benefícios
Garantir que os benefícios da AGI sejam amplamente distribuídos é crucial. O impacto histórico do progresso tecnológico sugere que a maioria das métricas que nos interessam (resultados de saúde, prosperidade económica, etc.) melhoram em média e a longo prazo, mas aumentar a igualdade não parece tecnologicamente determinado e acertar nisto pode requerer novas ideias.
Em particular, parece que o equilíbrio de poder entre capital e trabalho pode facilmente ficar desajustado, e isto pode requerer intervenção precoce. Estamos abertos a ideias que soem estranhas, como dar algum “orçamento computacional” para permitir que todos na Terra usem muita IA, mas também podemos ver muitas formas onde simplesmente reduzir implacavelmente o custo da inteligência ao mínimo possível tem o efeito desejado.
Qualquer pessoa em 2035 deverá ser capaz de mobilizar a capacidade intelectual equivalente a todos em 2025; todos deverão ter acesso a génio ilimitado para direcionar como puderem imaginar. Há muito talento agora sem os recursos para se expressar plenamente, e se mudarmos isso, o resultado criativo do mundo levará a tremendos benefícios para todos nós.
