Mais de mil guerreiros da tribo Mundurucu, armados com arcos, flechas e lanças, dominam desde terça-feira a cidade brasileira de Jacaréacanga, no interior do estado do Pará. Expulsaram os agentes da polícia da cidade, incendiaram o quartel, mantém vários reféns e exigem que lhes sejam entregues dois homens acusados de terem roubado e assassinado um índio da tribo na passada sexta-feira.
Os índios, que já estavam revoltados depois do assassínio de um dos seus, resolveram agir por contra própria quando a polícia, por alegada falta de provas, decidiu libertar dois suspeitos do crime.
Algumas dezenas de índios invadiram Jacaré acanga, atearam fogo à esquadra e quartel da cidade e expulsaram os polícias, que ficaram sem as armas e ainda foram perseguidos por guerreiros em camiões e motorizadas e atingidos por flechas.
Depois da invasão, terça-feira, muitos outros índios chegaram de várias aldeias da região e ao início desta sexta-feira já são mais de mil na pequena localidade, que fica a 1800 km da capital do estado, Belém do Pará.
Eles afirmam que só vão desocupar a cidade quando os dois acusados lhes forem entregues, para serem julgados na aldeia do índio que mataram.
O superintendente da polícia e representantes da Funai, Fundação Nacional do índio, que foram enviados para a região para negociarem com os invasores, acabaram por ficar retidos. Segundo declarações deles a jornalistas via telemóvel, os índios impedem a sua saída de Jacaréacanga, mas não os molestaram físicamente.
De acordo com as informações que é possível recolher, os índios estão irredutíveis e não aceitam nenhum tipo de acordo que não passe pela entrega dos acusados de matarem o indígena roubado e morto, o que as autoridades não aceitam. Membros do primeiro escalão do governo do Pará vão ser enviados nesta sexta-feira para a cidade.
Em redor de Jacaréacanga já está posicionado um forte contingente da polícia, enviado pelo governo, mas que aguarda novas negociações antes de invadir a cidade, para tentar evitar um confronto sangrento.