«Entroikado» foi o termo mais votado para “palavra do ano de 2012”, com 32% dos votos, numa iniciativa levada a cabo pela Porto Editora.
A equipa de linguistas do Departamento de Dicionários da Porto Editora elaborou uma lista de 10 palavras, que esteve para votação online desde o início do ano. Segundo a editora, a lista teve, como critérios, a frequência de uso, a relevância assumida ou então, simplesmente, porque se relaciona com algum tema muito marcante.
«Entroikado» alcançou 32 % dos votos, «desemprego», classificada em segundo lugar teve 14 % das escolhas e em terceiro lugar esteve «solidariedade», com 12 % das preferências.
Em quarto lugar aparece «bosão» de Higgs, com 11%, «manifestação», com nove, «cortes», com oito, e, com 4%, as palavras «imposto» e «refundar». Na nona posição, com 3%, ficou «democracia» e, no último lugar, com 2%, «TSU».
Em 2009, quando se realizou a eleição pela primeira vez, a «palavra do ano» eleita foi «esmiuçar». No ano seguinte, foi «vuvuzela» e, em 2011, foi eleita a palavra «austeridade», que relegou a «esperança» para segundo lugar.
Mas, “entroikado” existe, ou nem sequer pode ser considerado calão? O Português e as outras Línguas não são mortas e, nesse sentido, surgem, esporadicamente, neologismos – fenómenos linguísticos que consistem na criação de uma palavra, ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente.
Numa nota enviada à imprensa, a Porto Editora dá o vocábulo “entroikado” como parte da Língua Portuguesa. “O vocábulo ‘entroikado’ é, também, um excelente exemplo da produtividade da língua portuguesa: juntando um elemento à esquerda e outro à direita da palavra ‘troika’ nasce um novo vocábulo. A equipa de linguistas do Departamento de Dicionários da Porto Editora, responsável pela seleção das palavras candidatas, continuará a acompanhar de perto a vida evolutiva desta nova palavra no quotidiano dos portugueses”, revela essa nota.
Mas a Porto Editora vai mais longe e já registou o neologismo. “A crise socioeconómica que Portugal atravessa e o impacto da mesma no quotidiano dos portugueses conduziram ao registo deste neologismo no Dicionário da Língua Portuguesa online da Porto Editora”.
Segundo o Infopedia, enciclopédia de dicionários da Porto Editora, “entroikado” é um adjetivo que qualifica “sujeito às condições de austeridade impostas pela troika, composta por uma equipa que “negociou as condições de resgate financeiro em Portugal e é constituída por responsáveis da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional”.
Mas o particípio passado do verbo “entroikar” quer também qualificar “alguém que está numa situação difícil, tramado, ou lixado”. Portugal está, portanto, entroikado. Sem aspas.