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A Questão das Praxes
A Questão das Praxes

O que era uma notícia trágica de um acidente estúpido tornou-se uma novela, que inevitavelmente evoluiu para batalha ruidosa mas vazia entre claques rivais.

O que era uma notícia trágica de um acidente estúpido tornou-se uma novela, que inevitavelmente evoluiu para uma batalha ruidosa mas vazia entre claques rivais.

Paremos um momento para analisar, a frio e de longe, o ridículo desta situação:

 – De um lado, meninos que em vez de estudarem preferem gozar um momentinho de pseudo-superioridade, vã e infundada, juntamente com outros meninos que têm nas praxes a oportunidade de realizar as suas recalcadas fantasias de submissão sob o pretexto de se integrarem na vida académica.

 – Do outro, guerrilheiros ultra revoltados que até hoje nunca tinham pensado no assunto mas agora, subitamente, acham que as praxes são a raiz do mal no mundo e espumam da boca só de ouvir a palavra Dux, cujo significado na verdade desconhecem, mas “sabem” que é um gajo mau que mata os outros e um dia podia matar o seu filho .

Entre eles, venha o mephisto e escolha.
Parece que neste país não existem problemas a sério.

E não, o problema não são só “os políticos” ou “o governo”… essas entidades que nos são absolutamente estranhas mas que nos permitem tirar de cima dos ombros a responsabilidade por tudo o que corre mal. A culpa é “deles”.

Um problema bem mais sério do que as praxes ou o fim das mesmas, na nossa opinião, é o progressivo, sustentado e transversal declínio do profissionalismo, do brio, da honestidade e da seriedade em praticamente todos os setores da nossa sociedade: dos padres pedófilos aos incompetentes do atendimento ao cliente de uma qualquer operadora, passando por desportistas que acusam doping, políticos corruptos e agentes que se deixam subornar, alunos que se estão a cagar para o curso que frequentam, e trabalhadores que passam a manhã no facebook.

Já ninguém se importa, ninguém é responsabilizado e tudo se esquece.
Todos se queixam de todos os outros, ninguém se esforça.

É essa a verdadeira crise que afecta a nossa sociedade.. no one gives a fuck.

As pessoas aparentam ter convicções fortes: gritam, esbracejam, revoltam-se e insultam-se mas para a semana já estão noutra. Não há análise nem reflexão, não há ideias de fundo, não há consciência nem memória.

Estamos bem tramados.

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Categoria/s: Sociedade