Milhares e milhares de imigrantes têm vindo a juntar-se nos arredores de Calais, no norte de França, com o único objetivo de conseguir passagem para o Reino Unido.
Eles não têm nada a perder: é arriscar ou morrer. A maioria das pessoas que aqui se juntam fugiu da guerra ou de ditaduras no Sudão, Líbia, Etiópia, Afeganistão ou Síria.
Poucos estão dispostos a falar, abertamente, por temerem represálias contra os familiares que continuam nos seus países.
Alguns destes refugiados pediram asilo a França mas a maior parte sonha partir para o Reino Unido, do outro lado do Canal da Mancha. A maioria fala inglês e tem lá familiares. Apesar dos perigos eles chegaram até aqui e estão prontos para tudo, como conclui um destes homens:
“No meu país eu estava na prisão, uma situação muito má. Estive 3, 4 meses à espera de julgamento, sem ter cometido qualquer crime, apenas por questões de ideologia política. Se tivesse ficado lá teria permanecido na prisão, teria sido torturado, fariam coisas más com o meu corpo, seria violado. Escolhi continuar a viver e por isso saí do país. Foi por isso que deixei a minha Pátria. Tenho família, tinha trabalho, mas isso não interessa. Preciso de liberdade.”
Uma sede de liberdade que tem um preço duro a pagar: a travessia do deserto do Saara, os abusos sofridos na Líbia. Eles defrontam a morte para chegar à Europa:
“Muitas pessoas chegam ao mar Mediterrâneo e morrem em frente às equipas de resgate. Eu vi isso acontecer. Perdi muitos amigos e irmãos. Quando chegámos aqui tínhamos uma boa imagem dos europeus e dos países da Europa. As expectativas eram grandes: boa política, justiça e humanidade. Mas depois, para algumas pessoas, quando chegam aqui… A nossa vida não é sequer uma vida de cão”, desabafa um refugiado.
Atravessar uma movimentada estrada faz parte do caminho para a liberdade, um percurso de esperança, muitas vezes perigoso e inatingível, mas sempre o caminho a experimentar. Tentam apanhar “boleia”, ainda que não da forma tradicional, num camião que parta para o Reino Unido, mas a polícia já conhece as suas manhas.
Estas imagens foram captadas há dias e mostram o desespero com que tentam entrar em camiões mal fechados e esconder-se entre as mercadorias. Os que não conseguem ficar, tentam ao menos roubar qualquer coisa, seja o que for. É uma vida desesperada, de quem não tem nada a perder.
Os turistas que seguiam num autocarro atrás ficaram compreensivelmente assustados, pensando que podiam ser os próximos alvos da multidão. E se isto continuar assim, mais dia menos dia serão. Este problema da imigração ainda vai dar muitas dores de cabeça à Europa.
