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‘Cobrador de fraque’ volta ao serviço

‘Cobrador de fraque’
pressiona devedores em Espanha.

Para envergonhar os devedores, cobradores usam fraques.
Prática é utilizada pela companhia O Cobrador de Fraque.

Se ainda se precisa de uma confirmação da agonia da economia espanhola, ela pode ser encontrada na prática do “cobrador de fraque”.

Juan Medina

Manfred Gunther, da companhia O Cobrador de Fraque, pega elevador em Madrid (Espanha).

A prática consiste em enviar homens vestidos com fraques, como figurantes de um filme de Fred Astaire, para envergonhar os devedores e pressioná-los a pagar suas dívidas. E o negócio vem prosperando.

“No começo do ano, já começamos a notar que a demanda estava aumentando”, disse Carlos Granda, que preside o departamento internacional da companhia O Cobrador de Fraque.
Com a economia espanhola à beira de uma recessão à medida que desinfla a bolha imobiliária, Granda espera que a empresa desfrute anos de bonança graças às dívidas contraídas por consumidores e empresas durante os anos do “boom”.

A dívida das famílias do país está em um patamar recorde, acima de 120% do Produto Interno Bruto (PIB), em resultado do fácil acesso ao crédito que durou anos.
O setor corporativo, em particular o imobiliário e o de construção, luta à medida em que o valor das propriedades despenca.

Em meio a uma taxa de desemprego de 10,4% – a mais alta da União Européia- e empresas conhecidas, como a Martinsa Fadesa, envoltas em dívidas, a busca por fazer com que os devedores paguem vem se tornando o foco do país.

Os bancos normalmente cobram suas próprias dívidas, mas muitas empresas recorrem a companhias como O Cobrador de Fraque, que a compra com desconto antes de cobrá-la. O processo tem um êxito de 70%.
Granda ressalta o uniforme de sua empresa, que deixa os devedores tensos.

“Temos cobradores com uniformes e cobradores sem uniformes. Tudo depende da resposta do devedor, mas se para cobrar uma dívida precisamos do cobrador de fraque, o usamos, para que a dívida seja ainda mais notória”, disse Granda.
A empresa normalmente começa com uma ligação ou fax, pedindo o pagamento. Se isso não funciona, a cobrança se torna mais agressiva, mas, segundo Granda, sempre dentro da lei.
“Se você é um devedor, me encarrego de dizer isso a todos a sua volta. Seguramente isso vai te incomodar”, explicou.

Em muitos países, as técnicas empregadas por O Cobrador de Fraque – que foram copiadas na Espanha com roupas que vão desde palhaços ao personagem Zorro – não são permitidas.
Em um dos casos de destaques, a empresa cobrava uma grande dívida de um banquete de casamento e ligou para os convidados para que eles pagassem sua parte da conta. Os noivos, envergonhados, pagaram rapidamente.

Fonte: Globo; Reuters


Categoria/s: Curiosidades