Calor, muito calor, 40 mil pessoas e concertos de encher o olho. Assim se resume o primeiro dia do Optimus Alive!08, um verdadeiro sucesso a todos os níveis. O sol quente deu as boas vindas aos festivaleiros durante uma tarde regada com muita cerveja e música para quase todos os gostos.
No cartaz do palco principal do festival era impossível ignorar os Rage Against The Machine. O regresso da banda californiana aos palcos portugueses, depois de uns bons anos de jejum, levou ao Passeio Marítimo de Algés milhares de fãs desejosos por reencontrar uma das bandas mais marcantes dos anos 1990 dentro do panorama do rock alternativo e de fusão com outros géneros, como o rap. Muitos, quem sabe, a maioria, viram os Rage Against The Machine ao vivo pela primeira vez. E ninguém terá saído desiludido.
Em primeiro lugar há que explicar: os RATM não são uma banda de grandes conversas em palco. Entre olás e obrigados, o vocalista Zack de la Rocha apenas se alongou em «discursos» numa dedicatória a José Saramago. O resto foi lançado em cada letra, qualquer delas ainda bem actual, no habitual registo de pregador rapper, porque é assim que a banda prefere passar as suas mensagens.
Com uma grande estrela vermelha como pano de fundo, os Rage Against The Machine passaram em revista a grande maioria dos seus hits. Desde o arranque com «Testify» até à preferida do público «Killing In The Name», que fechou o espectáculo, e sem deixar de fora «Bulls On Parade», «Bombtrack» ou «Guerrilla Radio». A tamanhos brindes o público respondeu com muitos saltos, muito mosh e muita poeira levantada.
A banda está em grande forma – continuamos maravilhados com os poderes de «DJ» de Tom Morello na guitarra – e ficamos todos a fazer figas para que os RATM voltem depressa, quem sabe se com um novo disco na bagagem.
Gogol Bordello à conquista de Portugal
Mas não só de Rage Against The Machine se fez o primeiro dia do Alive. No palco principal brilharam também os «loucos» Gogol Bordello e The Hives. Os primeiros, liderados pelo homem do momento do gypsy punk, Eugene Hütz, fizeram a festa dentro da festa. A fanfarra da Europa de Leste, residente em Nova Iorque, conquistou mais um pedaço de Portugal, depois das actuações inesquecíveis em 2008 no Festival de Música de Sines e no Paredes de Coura. E pouco interessa se não percebemos tudo o que Eurgene diz e canta, pois a energia emanada do palco é contagiante.
Já os The Hives são comandados por outra caricata personagem, outro grande animal de palco. Pelle Almqvist voltou a mostrar a enormidade do seu ego de forma bem divertida e os cinco rapazes de preto vindos da Suécia estiveram eléctricos como sempre. O primeiro single do novo álbum, «Tick Tick Boom» foi o tema mais celebrado pela plateia, ainda que nem todos estivessem do lado dos The Hives. Pelle reagiu a alguns insultos de forma bem humorada, convidando dois fãs dos RATM a um frente-a-frente no backstage. «Quem achar que eu dou conta deles ponha a mão no ar», lançou, numa das ínfimas trocas de impressões com o público. Ainda assim, fica a ideia que a banda se dá melhor num ambiente como o do Coliseu de Lisboa, em Abril passado, quando deram o seu primeiro concerto em nome próprio no nosso país.
The National roubaram audiência aos MGMT
Num dia em que o palco secundário se dividiu entre música electrónica e indie pop, coube aos The National, no Palco Optimus, roubar audiência aos MGMT, que actuavam no Metro On Stage. A cena indie de Brooklyn parece estar para durar, produzindo novos talentos a cada ano que passa. Depois do concerto em Maio na Aula Magna, os The National mostraram a adaptabilidade aos diferentes ambientes. A malta do mosh teve que se contentar com os momentos de fúria sonora dos nova-iorquinos.
Os Spiritualized, Galactic e Kalashnikov também ajudaram à festa, naquele que foi um arranque bem promissor para a 2ª edição do festival Alive.
Fonte: IOL