Querido Pedro, meu futuro genro.
Não consigo dormir desde que prejudiquei o teu namoro com a minha filha.
Estou a escrever-te esta carta na esperança de que tu esqueças o que eu disse e me perdoes. Quando te vi pela primeira vez, fiquei surpreendido com tuas tatuagens e o piercing, mas hoje vejo que isso não é assim tão importante.
Vejo, também, que andar de mota a alta velocidade e sem capacete não é assim tão perigoso, desde que seja tomado o devido cuidado em relação aos restantes veículos do trânsito.
Além disso, a minha reação ao facto de tu nunca teres trabalhado foi bastante inadequada e demasiado radical e injusta. Para além disso, já me convenci de que muita gente boa e capacitada também opta por não trabalhar por ter coisas melhores para fazer com o seu precioso tempo.
Agora entendo, também, que o facto da minha filha ter apenas 17 anos e querer casar-se contigo, em vez de ir estudar para o estrangeiro numa prestigiada Universidade, é simplesmente uma alternativa para a sua formação, já que nem tudo na vida se aprende com livros e na escola.
Às vezes eu percebo o quão retrógrado, conservador e chato eu sou quando interfiro em assuntos desta natureza, e reconheço que estava errado. Fui muito casmurro nisto de ser contra o vosso namoro e gostaria de me redimir dizendo que o vosso casamento terá o meu apoio incondicional.
Um grande abraço, do teu futuro sogro.
P.S. Já me ia esquecendo, parabéns por acertares no Euromilhões!