O Markl fez um post a lamentar o falecimento da sua cadela Núria. Como sempre apareceram idiotas cheios de “frontalidade” a mandar bitaites e a menosprezar o sofrimento do autor do post.
Em resposta, num texto curto mas brilhante, Nuno Markl resume algo que tantas vezes nos passa pela cabeça enquanto navegamos pelo facebook: há demasiadas pessoas que confundem “ser frontal e dizer o que se pensa” com o orgulho de ser uma granda besta e divulgar o facto aos quatro ventos.
Vale a pena ler:
Eliminei o meu post sobre o tipo que veio dizer coisas desagradáveis a propósito da morte da nossa cadela Núria. Não gosto de linchamentos públicos, mas acho que toda a gente deve ser responsabilizada pelo que diz. E que a liberdade de uns em dizer o que pensam, termina na minha liberdade de me sentir revoltado, na minha “casa”, por um dos tais acessos de “frontalidade” tão em voga: os da malta que, orgulhosamente, afirma “eu cá digo tudo o que penso”; que não diz o que pensa sobre os assuntos que valem realmente a pena, e que confunde a desgraçada da frontalidade com o puro e simples acto de ser uma besta.
Não há mortos de segunda por serem cães e de primeira por serem pessoas, ou vice-versa. O que cada um sente com a morte seja de quem for não está sujeito a uma análise de certo / errado. Sente-se o que se sente. Do outro lado, respeita-se. Ou não. Não se respeitando, arrisca-se a ouvir. Ou, neste caso, a ler.
Lembro-me de aparecer por aqui um idiota qualquer a dizer uma alarvidade parecida quando, há uns anos, falei aqui da morte de um amigo humano. Portanto, o problema não é a morte de humanos vs animais. O que há é o que sempre houve, e a que as redes sociais passaram a dar voz e, por vezes, uma cara: uma orgulhosa estupidez teimosamente confundida com rebeldia e, lá está, frontalidade. Rebeldia e frontalidade são coisas nobres demais para serem confundidas com isto.