Claramente a crise anda aí mas não é para todos. Ontem um leilão de arte contemporânea da Christie’s rendeu 495 milhões de dólares (386,1 milhões de euros). Nunca um leilão de arte tinha somado tanto.
Mais uma vez, o mercado da arte parece passar incólume à crise económica e financeira, depois de já na terça-feira, no leilão da Sotheby’s, se terem alcançado resultados altos, entre eles dois recordes de artistas para Gerhard Richter e Barnett Newman. Ontem, aconteceu o que ninguém imaginou que pudesse acontecer: o leilão mais rentável de sempre na história da arte. Foi o leilão de arte do pós-guerra e contemporânea da Christie’s que somou 495 milhões de dólares (383,3 milhões de euros).
A noite de quarta-feira não foi uma noite igual às outras em Nova Iorque, pelo menos para os aficionados da arte. Conta o New York Times que os maiores amantes e coleccionadores de arte não falharam o leilão de ontem e, a avaliar pelos resultados, pode-se acreditar. À praça foram 70 obras da arte e apenas quatro não foram vendidas.
E, como se isso não fosse já suficiente para fazer deste leilão um sucesso, foram ainda batidos 16 recordes de artistas, entre os quais se destacam alguns nomes maiores da arte contemporânea como Jackson Pollock, Roy Lichtenstein e Jean-Michel Basquiat. Estes artistas foram, aliás, as grandes estrelas do leilão.
Number 19,1948, de Jackson Pollock (1912-1956), foi a obra mais cara da noite, ao ser arrematada por 58,4 milhões de dólares (45,5 milhões de euros). Disputado por quatro licitadores ao telefone, a obra, que foi à praça pelo preço-base de 25 milhões de dólares (19,3 milhões de euros), acabou por ser comprada por um anónimo, estabelecendo assim um novo recorde para o artista.
Não muito atrás deste valor, e também um novo recorde, ficou Woman with Flowered Hat, de Roy Lichtenstein (1923-1997), leiloado por 56,1 milhões de dólares (43,4 milhões de euros). O quadro, inspirado na obra com o mesmo nome de Picasso, foi comprado por 50 milhões de dólares (38,7 milhões de euros) bem acima dos 32 milhões de dólares (24,7 milhões de euros) estimados pela leiloeira, pelo joalheiro londrino Laurence Graff, criador da Graff Diamonds. Ao New York Times, Graff mostrou-se satisfeito com a compra, explicando que foi uma prenda de aniversário que decidiu oferecer a si próprio. Laurence Graff completa 75 anos em Junho. “É uma obra-prima, há anos que conheço esta pintura.”
Mas esta não foi a única obra de Roy Lichtenstein a superar as expectativas. Nude With Yellow Flower, de 1994, foi à praça por 12 milhões de dólares (9,3 milhões de euros) e acabou por ser leiloado por 23,6 milhões de dólares (18,2 milhões de euros).
Mesmo assim, um valor muito abaixo da terceira estrela do leilão da Christie’s. A tela Dustheads, de Jean-Michel Basquiat (1960-1988), foi vendida a um licitador ao telefone que pagou 48,8 milhões de dólares (37,7 milhões de euros). Um recorde para o artista, que ultrapassou em muito as estimativas mais altas da leiloeira, que apontavam para os 35 milhões de dólares (27,1 milhões de euros). Basquiat teve ainda um trabalho em papel, Furious Man, que também superou as expectativas quando arrematado por 5,7 milhões de dólares (4,4 milhões de euros), quase quatro vezes acima das estimativas da Christie’s, que destaca o número de obras vendidas acima dos cinco milhões: 23.
“A licitação notável e os recordes estabelecidos reflectem uma nova era no mercado da arte, na qual coleccionadores experientes e novos licitadores competem ao mais alto nível”, escreveu em comunicado Brett Gorvy, responsável do departamento de arte contemporânea e do pós-guerra da Christie’s.
Para o CEO da leiloeira, Steven Murphy, os novos coleccionadores são os responsáveis pelo novo boom no mercado. “Só no ano passado 25% dos nossos compradores eram novos clientes da Christie’s”, sublinhou o responsável à Reuters, explicando que pelo menos cinco lotes comprados na quarta-feira à noite foram para pessoas que nunca tinham comprado nada.
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