Como um observador, coloca-se no quarto no momento em que aquelas fotos foram tiradas, e partilha a “big picture”. Um trabalho interessante!
“A forma como os jovens interagem mudou radicalmente nos últimos anos. Interagem mais do que nunca, pelo menos nos Estados Unidos, mas trata-se de um tipo de interacção diferente daquela practicada no passado. Embora comuniquem com mais pessoas e mantenham laços simultâneos com um maior número de amigos, cada vez menos ligações se traduzem num contacto do ‘mundo real'”, explicou o autor do projecto “Technically intimate” Evan Baden, em entrevista ao P3.
“As novas tecnologias conduziram-nos a novas formas de pensar, agir e reagir. A nossa capacidade de nos ligarmos a outro imediatamente utilizando os telemóveis — e a sensação de privacidade inerente à sua utilização — confere a sensação de segurança de que aquilo que partilhamos será visto apenas pelo interlocutor.”
É neste contexto que surge o que o fotógrafo denomina de “nova definição de intimidade” e que está na base desta série fotográfica. Evan Baden baseou o projecto em imagens íntimas que foram colocadas na Internet sem o conhecimento do autor.
“Encontro uma imagem ‘online’ que foi publicada sem o conhecimento de quem a tirou e depois, recorrendo às redes sociais e sites de classificados como o Craigslist, encontro pessoas que estejam dispostas a trabalhar comigo na reconstituição das imagens.
As imagens não são uma duplicação da original, mas sim uma reinterpretação do momento em que foram criadas.”
O americano pretende chamar a atenção para a falta de privacidade inerente às redes, frisando que “é fácil criar estas imagens e vídeos e mais fácil ainda é partilhá-las com terceiros.
As imagens podem ser reencaminhadas uma e outra vez, sem limitações. Se alguém tiver interesse em vê-las, outro alguém estará disposto a clicar ‘enviar’ para que alguém veja”.
O cenário, o enquadramento, a aparente tenra idade dos retratados e a repetição de acções de cariz sexual mas não eróticas ou pornográficas foram calculados ao milímetro.
As imagens pretendem, segundo Baden, “causar desconforto naqueles que vêem e lembrar que o avanço da tecnologia acarreta novos desafios que devemos estar preparados para analisar”.