“O Amor é um acidente à espera de acontecer”
Um filme com diálogos excelentes..
à volta de relações, mentiras, expectativas e desilusões.
IMDb: 7.2/10
Natalie Portman – Alice
Jude Law – Dan
Julia Roberts – Anna
Clive Owen – Larry
Mike Nichols já provou ser um dos maiores directores de actores no activo. O argumento de Patrick Mauber ajuda, mas é o show de interpretações que faz de Closer um grande filme. E Clive Owen supera tudo e todos…
Closer é um grande filme. É um filme muito fresco, muito dinâmico, muito vivo e, acima de tudo, muito humano. Mesmo que não o pareça.
Ao longo do filme vamos entrando em contacto com o amor, a traição, o ódio, a sedução e o massacre de emoções que pauta o filme dá-lhe uma aura que poucos conseguem criar.
Nichols pega num texto absolutamente genial, sem precoceitos, e bastante moderno, e torna-o num filme estrondoso a todos niveis. A direcção é excelente, a fotografia e a montagem também e o leque de actores é simplesmente fantástico. A forma como os quatro actores interagem entre si torna o filme ainda mais arrebatador. Por exemplo, Owen tem apenas duas cenas com Law e com Portman, mas tem tanta intensidade nesses momentos como naqueles em que está com a sua parceira de facto, que é Roberts. E o mesmo se passa com cada um dos actores. Não há momentos de baixa, temos de estar constantemente em guarda para não sermos surpreendidos pela violencia deste filme.
Mas Closer é mesmo um filme de actores como há muito não se via – talvez só Eastwood faça filmes para actores hoje em dia – e como só Nichols sabe fazer. Who´s Affraid Virginia Wolf e The Graduate provaram, desde cedo, que este é o seu maior talento. Closer tornou-se numa das pérolas da sua carreira.
Do elenco do filme não há pontos fracos. Todos os quatro actores são sublimes. Cada qual encarna o seu papel na perfeição. Só um destoa por roubar todas as cenas em que entra numa performance verdadeiramente bigger than life. Ele é obviamente Clive Owen.
O britânico consegue uma dar maiores performances do ano, absolutamente divinal, que o coloca de imediato na lista dos grandes do momento. Aliás, não só o Globo de Ouro é merecido como – e digo isto sem ter visto Alan Alda, Thomas Haden Church e Morgan Freeman, é um facto – o óscar seria completamente merecido. Owen é brutal, carnal, quase monstruoso, ao mesmo tempo que consegue ser romantico, humano e extremamente divertido. Uma personagem ambivalente que proporciona ao filme cenas notáveis como a da conversa com Jude Law via net, ou o diálogo explosivo com Julia Roberts na casa destes. Momentos altos do filme sem dúvida alguma.
Mas se Owen é absolutamente genial, os outros não lhe ficam muito atrás. Natalie Portman é enternecedora como jovem stripper norte-americana à procura de refazer a vida. O filme começar e acabar com um plano seu não é por acaso. Se Owen é a força do filme, ela é a sua beleza natural. Todas as suas cenas são as mais tocantes, mesmo aquela que tem com Owen no clube. E o jogo genial do seu nome é um dos highlits do filme sem dúvida alguma. Portman também merece o Globo, apesar de Cate Blanchett estar na linha da frente ao óscar.
Ausentes dos prémios do ano ficaram os ditos actores principais do filme, se é que os há. Julia Roberts e Jude Law encaixam nos seus papeis que nem uma luva. Não os extravasam, como Owen e Portman, mas não comprometem. Jude Law prova ser um brilhante actor, notável no genero de papeis como o da sua personagem no filme, enquanto que Julia Roberts volta a um registo quase desaparecido na sua filmografia mais recente. Confessamos que já tinhamos saudades.
No computo geral, este é um dos grandes filmes de 2004. Provavelmente com lugar no top5 tal é qualidade do espectáculo montado por Mike Nichols. É um filme diferente do que estamos habituados a ver e de consumo dificil. Mas quem conseguir entrar no espirito, quem já tenha vivido situações semelhantes, vai conseguir perceber a força e a garra de Closer e o porquê de ser o melhor que um novo ano cinematográfico poderia alguma vez trazer.
O Melhor – Clive Owen é perfeitamente sublime. O papel do ano sem dúvida alguma.
O Pior – A polémica à volta do nu de Portman. Provou não ser necessário e provou também que os nus explicitos são bem menos sensuais que os nus sugeridos.
Curiosidade – A personagem de Julia Roberts tem o mesmo nome da sua última personagem “londrina”. Também Anna era o seu nome aquando de Notting Hill, o último filme que levou a actriz a Londres.
Classificação – 5 estrelas
Site Oficial – www.sonypictures.com/movies/closer
Realizador – Mike Nichols
Elenco – Jude Law, Julia Roberts, Clive Owen, Natalie Portman
Produtora – Columbia
Duração – 114 m
Classificação – m/16