Óscares 2015. Birdman voou numa noite sem grandes surpresas. O filme de Alejandro G. Iñárritu levou quatro estatuetas para casa, Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento Original e Melhor Fotografia
Apesar de já irmos para a cerimónia de má vontade, devido a injustiças como empurrarem interstellar apenas para nomeações em categorias técnicas, depois do número musical de abertura, as expectativas estavam altas para a apresentação de Neil Patrick Harris nesta 87 ª cerimónia de entrega dos Óscares.
Nada que nos conseguisse salvar de bocejos e sono. Foi-lhe dificil ter piada e nem ajudou ter estado só de cuecas no palco, numa alusão a uma das cenas de “Birdman“.
Por falar nisso, numa noite sem surpresas e só com nomeados brancos nas categorias principais, como aliás Neil Patrick Harris referiu desde o início (“Tonight we honor Hollywood’s best and whitest – I mean brightest”), foi “Birdman” o principal vencedor. O filme de Alejandro G. Iñárritu ganhou nas duas principais categorias, Melhor Filme e Melhor Realizador, e ainda foi premiado com os Óscares de Melhor Argumento Original e Melhor Fotografia.
Ao lado de “Grand Budapest Hotel” era o filme mais nomeado (nove nomeações) e se entrarmos em preciosismos numéricos conseguiu levar o mesmo número de estatuetas para casa: quatro. No entanto, o filme de Wes Anderson foi vencedor em categorias mais técnicas, desde Melhor Maquilhagem a Melhor Guarda-Roupa, passando por Melhor Cenografia e Melhor Banda-sonora.
As casas de apostas voltaram a prever os resultados na representação, com Julianne Moore a conseguir o seu primeiro e mais que merecido Óscar pelo papel em “O Meu Nome É Alice”, onde está na pele de uma mulher a quem é diagnosticada doença de Alzheimer precoce. Eddie Redmayne, de 33 anos, foi considerado Melhor Actor pela sua interpretação de Stephen Hawking no filme “Teoria de Tudo” e dedicou o prémio a todos os portadores de esclerose lateral amiotrófica.
[to_like id=”25085″][/to_like]
J.K. Simmons (“Whiplash”), aos 60 anos, estreia-se nas nomeações e nas vitórias. Era o favorito na categoria de Melhor Actor Secundário, já tinha levado o Globo de Ouro e o BAFTA para casa, e também não foi surpreendente que levasse o Óscar. No discurso dedicou o prémio à mulher e a todas as mães. “Não mandem mensagem, liguem-lhes”, disse, e quase nos fez pegar no telemóvel não fossem duas e tal da manhã.
Patricia Arquette foi Melhor Actriz Secundária pelo seu papel em “Boyhood”, de Richard Linklater, filmado ao longo de 12 anos e o grande derrotado da noite – esta foi a única estatueta que conseguiu e provavelmente injustamente. No discurso de agradecimento à Academia defendeu a igualdade de direitos das mulheres em Hollywood e recebeu um forte aplauso de Meryl Streep, outra das nomeadas na categoria (aliás um recorde na história dos Óscares, com a sua 19 ª nomeação).
Tirando os discursos de alguns dos vencedores e a performance de John Legend, vencedor do Óscar de Melhor Canção Original, que arrancou lágrimas na plateia, as mais de três horas de cerimónia foram longas e as pálpebras pesaram.
Lista de vencedores:
- Melhor Filme: “Birdman”
- Melhor Realizador: Alejandro G. Iñárritu
- Melhor Actor: Eddie Redmayne (“A Teoria de Tudo”)
- Melhor Actriz: Julianne Moore (“O Meu Nome É Alice”)
- Melhor Actriz Secundária: Patricia Arquette (“Boyhood”)
- Melhor Actor Secundário: J.K. Simmons (“Whiplash”)
- Melhor Argumento Original: “Birdman”
- Melhor Argumento Adaptado: “Jogo de Imitação”
- Melhor Fotografia: “Birdman”
- Melhor Filme Estrangeiro: “Ida” (Polónia)
- Melhor Edição: “Whiplash”
- Guarda-roupa: “Grand Budapest Hotel”
- Maquilhagem: “Grand Budapest Hotel”
- Melhor Curta-Metragem: “The Phone Call” (Reino Unido)
- Melhor Curta-Metragem Documental: “Crisis Hotline: Veterans Press 1” (Estados Unidos)
- Melhor Mistura de Som: “Whiplash”
- Melhor Edição de Som: “American Sniper”
- Melhores Efeitos Visuais: “Interstellar”
- Melhor Curta de Animação: “Feast”
- Melhor Filme de Animação: “Big Hero 6”
- Melhor Cenografia: “Grand Budapest Hotel”
- Melhor Documentário: “CitizenFour”
- Melhor Banda-sonora: “Grand Budapest Hotel”
- Melhor Canção Original: John Legend e Common (“Selma”)
Birdman é um bom filme, merecia sem dúvida o melhor argumento original. O conceito do filme está brutal e consegue um excelente (e dificil) equilibrio entre um filme de pipoca e um filme com conteúdo e que te faz pensar. No geral, saiu sobrevalorizado da cerimónia mas era realmente um filme com muito mérito.
A grande injustiça da noite já estava feita antes de a cerimónia começar: Interstellar.