Este é o primeiro de uma série de episódios que Emmanuel Acho, jogador de futebol americano na NFL, espera ser longa.
Chama-se “conversas desconfortáveis com um homem negro”, e foi criado a pensar nos brancos. É um segmento em que Emmanuel tenta explicar aos seus amigos brancos e a todos os que o contactam, exactamente o que se passa, ajudando-nos a ficar por alguns momentos no lugar dele.
No contexto da onda de revolta social que se vive na América e já em algumas outras partes do Mundo, Emmanuel vem responder a questões como:
“Porque é que estão a fazer motins em vez de manifestações pacíficas“, ou “porque é que os pretos podem chamar n*gga uns aos outros mas os brancos não“.
Segundo Emmanuel, mesmo para ele que é um privilegiado, a cor de pele continua a ser um entrave que condiciona a sua ação diária e lhe pesa em cima assim que põe o pé fora de casa.
Não é muito fácil explicar isto a quem nunca o sentiu na pele. Sabes quando vais a conduzir e vês um carro da polícia e te endireitas imediatamente e olhas logo para a velocidade a que vais? Mesmo achando que não estás a fazer nada de mal, ficas um pouco tenso naqueles primeiros segundos. E sabes que em princípio os gajos não têm nada contra ti.
Mas imagina se tivesses sempre essa sensação quando vais a conduzir ou a andar na rua, cada vez que te cruzas com um polícia, teres sempre medo de ser confundido com alguém, ou submetido a um escrutínio desproporcional. Cada vez que tens uma discussão com alguém tens medo que se a cena descambar assumam automaticamente que a culpa é tua pela tua aparência.
É deste tipo de preconceito que muita gente sente na pele cada vez que entra numa loja, tenta arranjar emprego, etc.. é difícil perceber para quem nunca passou por isso, mas é duro, não é forma de viver.
Obviamente não justifica nada do que se está a passar na parte da destruição, pilhagens, violência… que acaba por ser puro aproveitamento de uma questão que realmente precisa ainda de melhorar muito. Mas também é algo que precisava de ser trazido para a ordem do dia, em particular na América mas não só.
Concordando ou não, vale certamente a pena ouvir este ponto de vista, para não ficar apenas pelas imagens que nos chegam na TV.
Dear white people,
For days you’ve asked me what you can do to help. I’ve finally found an answer.Let your guard down and listen. pic.twitter.com/74SVv8XOqp
— Emmanuel Acho (@thEMANacho) June 2, 2020