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Carteirista Português foi ao Bolso da Troika
Carteirista Português foi ao Bolso da Troika

Há quem acuse a troika de estar a meter a mão nos bolsos dos portugueses, mas também ela já se pode queixar de que lhe foram ao bolso em Portugal. É que o representante do Fundo Monetário Internacional (FMI), o austríaco Albert Jaeger, a viver em Lisboa desde Outubro, ficou sem a carteira no eléctrico 28 quando foi passear entre os turistas ao Castelo de São Jorge e teve a prova de que os carteiristas se infiltram por todo o lado, não olhando a cargos ou estatutos das vítimas.

Há quem acuse a troika de estar a meter a mão nos bolsos dos portugueses, mas também ela já se pode queixar de que lhe foram ao bolso em Portugal.

 

Albert JaegerÉ que o representante do Fundo Monetário Internacional (FMI), o austríaco Albert Jaeger, a viver em Lisboa desde Outubro, ficou sem a carteira no eléctrico 28 quando foi passear entre os turistas ao Castelo de São Jorge e teve a prova de que os carteiristas se infiltram por todo o lado, não olhando a cargos ou estatutos das vítimas.

Na cidade de Lisboa há uma equipa policial que anda em cima deles num jogo diário do gato e do rato na Baixa da cidade que faz centenas de vítimas por ano, com alguns furtos a render milhares de euros. O recorde de perda pertence a um turista italiano que, em 2011, ficou sem os 3700 euros que trazia na carteira.

O encontro estava marcado para as 10h, mas os elementos da Divisão de Segurança dos Transportes Públicos (DSTP) – criada em 1995 e com raio de acção no metro, Carris, linhas de Sintra, Cascais e Azambuja – já andavam pela rua, nos seus postos de observação, que passam pelas paragens mais “quentes” das rotas preferidas dos carteiristas – os eléctricos 15 (mais usado pelos turistas de manhã) e 28, que anda sempre cheio da parte da tarde. Estes pontos são, na linha do 28, o Largo das Portas do Sol, Rua da Madalena e área envolvente da Sé, ao passo que na linha do 15 o apetite dos carteiristas se centra no Cais do Sodré e na Praça da Figueira. E o dia prometia, com quatro cruzeiros estacionados em Santa Apolónia, de onde desembarcaram mais de nove mil turistas em Lisboa.

As atenções da brigada estão concentradas nos eléctricos, pois a eficácia da videovigilância no metro, assim como o facto de ser um circuito “fechado”, tem vindo a desmotivar as actuações dos carteiristas no subterrâneo. “Ainda há carteiristas que tentam tapar as câmaras de vídeo com pastilhas elásticas, mas esquecem-se de que são filmados e depois reconhecidos pela nossa divisão”, contou o chefe da operação, enquanto andávamos às voltas pelo centro numa viatura “à civil” mas que “já é conhecida de todos os carteiristas”, reconhecem os agentes. De tal forma que, contou o chefe da operação, “muitas vezes abordam–nos a perguntar até que horas vamos andar por aí”. E também há contravigilância às movimentações policiais. Mas o sucesso destas operações baseia-se nos agentes que andam à civil pelos circuitos dos carteiristas.

Os cerca de 50 carteiristas portugueses a actuar em Lisboa, assim como muitos dos cerca de 20 estrangeiros dedicados ao furto, são já bem conhecidos da divisão – ao ponto de haver agentes que, nas férias, já se cruzaram em Paris, Barcelona ou Granada com carteiristas estrangeiros que também actuam em Lisboa.

Os primeiros indícios de que poderá haver acção surgem apenas às 11h40: as comunicações por rádio dão o alerta de uma eventual tentativa de furto a um turista no eléctrico 15. O carro segue na direcção, mas entretanto somos avisados de que o furto saiu frustrado. E sem flagrante delito não há detenção. Antes tinha surgido a única queixa do dia, de um turista inglês que terá ficado sem 500 libras que trazia na carteira. Os suspeitos são o “Jardel” e o “China”, que tinham sido vistos naquela linha do eléctrico – suspeitas reforçadas pelo facto de “Jardel” e “China” nunca mais terem sido vistos: “Provavelmente já ‘comeram’ e foram fazer a divisão do dinheiro”, comenta um dos agentes.

Calão e alcunhas são o prato forte entre os carteiristas: “Há o Xamã, o Nove-dedos, o Cheira-mal, o Zé do Porto, o Treinador, o Vidrinhos, o Madeirense e até o Pichas, que começou a furtar aos nove anos”, são alguns dos cognomes mais ouvidos. Sem casos flagrantes a acontecer, foi com o Zé do Porto que nos foi descrito um dos episódios mais hilariantes: este carteirista foi apanhado, com outro, a furtar e, quando foram confrontados com o facto pela polícia, negaram que se conheciam. Mas afinal eram irmãos, tendo cabido ao agente fazer, com ironia, as apresentações entre eles.

Quanto ao calão, basta ver como um carteiristas descreveria o furto da carteira do chefe da missão da troika em Portugal: “O ‘guiro’ (turista) estava no ‘fatio’ (paragem prometedora de bons resultados) e parecia ter ‘brasa’ (carteira recheada). Quando entrou na ‘montada’ (eléctrico ou autocarro) fizemos o ‘tampão’ (um dos carteiristas provoca confusão à entrada do eléctrico, distraindo o turista), usei a ‘muleta’ (mapa, saco ou casaco usado para esconder a mão que vai ao bolso da vítima) e saquei o ‘cabedal’ (carteira). “

Depois de almoço, “já que os carteiristas portugueses também param a essa hora”, arrancámos para a tarde com a promessa de mais acção e sempre atentos ao grupo do Dário, Paulinho Boxeur, filho do Zé do Porto e namorado do filho do Zé do Porto (forma como os agentes apelidam os comparsas daquele carteirista), que andavam pelas imediações, estacionando por vezes no café Pombalina, na Rua dos Fanqueiros.

Ou pela presença dos agentes, ou pela falta de vítimas que valessem o risco, os carteiristas resolveram não arriscar nenhuma acção neste dia. Os dados apontam para qualquer coisa como uma média de dois furtos diários nestes transportes, tendo a polícia já detido, só no primeiro semestre deste ano, 37 carteiristas.

Fonte: Jornal i


Categoria/s: Bizarro,Crime