O contrabando de amêijoa apanhada ilegalmente está a gerar lucros de milhões de euros numa rede de crime organizado que conta com a intervenção até de traficantes de droga.
Em termos de risco/retorno, é mais aliciante do que traficar droga, porque se fores apanhado a pena é muito mais pequena… mas também há milhões de euros em jogo.
O Serviço de Investigação Criminal da Polícia Marítima (PM) de Lisboa acusou mais de 10 pessoas no âmbito de uma investigação em torno da apanha ilegal de amêijoa, especialmente nas zonas do estuário do Tejo e das rias Formosa e de Aveiro.
Estão envolvidas, pelo menos, cinco empresas, algumas ligadas ao sector da venda de marisco, outras apenas de fachada, vários empresários e até dois conhecidos traficantes de droga da Margem Sul do Tejo.
O negócio seria tão organizado que se pode falar de uma verdadeira máfia com controle da apanha da amêijoa, da mão de obra, da gestão dos barcos para o transporte e do armazenamento e contrabando para Espanha.
A polícia terá também apreendido falsos certificados de origem e documentos com selo branco falsificado, o que atesta a força da organização.
Os lucros gerados são avultados, bem como os prejuízos para o Estado e para os empresários de marisco e de depuração que actuam no mercado devidamente legalizados.
Só uma das empresas envolvidas neste negócio ilegal de amêijoa terá lucrado meio milhão de euros em apenas seis meses, sem qualquer imposto pago, conforme dados da Polícia Marítima.
As sanções penais pouco severas, que prevêem um máximo de três anos de prisão, potenciam o interesse pela apanha ilegal de amêijoa.
Além de crimes de contrabando e fraude, os envolvidos neste processo respondem ainda pelo crime de atentado à saúde pública, por o armazenamento e transporte da amêijoa clandestina não cumprir as normas de higiene e segurança.