Era o “combate do século” e o norte-americano Floyd Mayweather venceu-o, batendo no ringue de boxe o filipino Manny Pacquiao.
Os dois pugilistas defrontaram-se na noite de sábado em Las Vegas, EUA, madrugada de domingo em Portugal, num combate onde Mayweather, de 38 anos, apareceu a frustrar a ofensiva do adversário.
Depois da vitória, Mayweather anunciou em conferência de imprensa que vai deixar de combater por títulos, para “dar oportunidade a outros pugilistas”. A ideia é terminar a carreira com um combate que deverá acontecer em Setembro.
“Money” Mayweather conquista assim uma carreira completamente imaculada. O “pretty boy”, que já tem 38 anos, nunca foi vencido em toda a sua carreira, acumulando 48 vitórias, 26 delas por KO.
Nascido há 38 anos no Michigan numa família ligada ao boxe – o pai e os tios eram pugilistas –, Floyd Mayweather Jr. diz-se um perfecionista, embora as suas “aventuras” fora do ringue sejam mais mediáticas do que o registo imaculado de 48 vitórias e zero derrotas. Conhecido pelo estilo de vida extravagante, não tem pejo em mostrar nas redes sociais a luxuosa frota de 38 carros, onde se incluem vários Ferrari, Bugatti e Lamborghini personalizados. Ávido pelo risco – chegou a apostar quase 1 milhão de euros num jogo de futebol americano universitário –, Mayweather não olha a gastos com a sua equipa, com quem se desloca para todo o lado em dois aviões privados.
Vive em Las Vegas, bem perto do local do combate de hoje, numa mansão com cinco quartos e sete casas de banho feitas ao gosto do pugilista e tem ainda uma coleção de relógios avaliada em quase 6 milhões de euros. Mas para lá da vida de luxo, Floyd Mayweather tem também um lado negro. Só na última década, foi acusado de violência por cinco mulheres diferentes. Em 2011 foi mesmo condenado por agressão a uma antiga namorada, Josie Harris, tendo passado 90 dias na prisão, além de ser obrigado a cumprir 100 horas de serviço comunitário.
Um autêntico herói nas Filipinas, Manny Pacquiao cresceu numa família pobre na cidade de General Santos, no Sul do país asiático. Aos 14 anos mudou-se para Manila, na esperança de vencer no boxe, mas os primeiros tempos não foram fáceis. “Antes de me tornar pugilista cheguei a dormir na rua e a passar fome”, reconheceu Pacquiao, que ganhava 2 dólares por combate no início da carreira. Hoje tudo é diferente e sempre que Pacquiao sobe ao ringue o país pára.
Até os conflitos entre o exército nacional e os separatistas do Sul entram em período de tréguas e o número de crimes cai a pique. Profundamente religioso, Pacquiao está longe da imagem de duro normalmente associada aos pugilistas: doa milhares de dólares para ajudar os mais necessitados, tanto nas Filipinas como nos Estados Unidos, e no seu país natal há quem o veja como futuro presidente. Em 2010 foi eleito para o Congresso e já fez também “perninhas” em alguns filmes filipinos, além de ter gravado alguns temas musicais. Para lá do boxe, Pacquiao é um apaixonado por basquetebol. Membro honorário dos Boston Celtics, em abril de 2014 tornou-se treinador-jogador da equipa filipina do Kia Sorento, isto apesar de ter apenas 1,69 m.
Nas Filipinas, o duelo foi acompanhado com fervor – e a derrota de Pacquiao recebida com lamento. E em Las Vegas Pacquiao assumiu a derrota. “Tive um problema no ombro direito durante a minha preparação, há cerca de três semanas” que obrigou a reduzir a intensidade dos treinos, referiu. “Esta lesão imitou-me a partir do terceiro round, não pude utilizar a minha direita como queria”, justificou o filipino.
O juiz de ringue Dave Moretti classificou o combate em 118-110, favorável a Mayweather. E os juízes Glenn Feldman e Bert Clements foram unânimes em dar a vitória ao norte-americano, marcando o combate em 116-112. Mayweather venceu cinco títulos mundiais em várias categorias de peso
Manny Pacquiao, por seu lado, considerou que fora ele quem tinha vencido, argumentando com o facto de Mayweather “não ter feito nada”. Segundo a BBC, quando Pacquiao entrou no ringue ao som de uma música escolhida especialmente para o evento, teve uma recepção arrebatadora, ao contrário do que aconteceu com Mayweather, que acabaria por se sagrar vencedor.
Antes de o ser, este já era apelidado de o “combate do século” do boxe. Para que fosse conseguido um acordo para que os dois pugilistas se defrontassem, foram precisos cinco anos de negociações, que resultaram num negócio onde as receitas deverão rondar os 350 milhões de euros.
Os bilhetes para ver o combate no MGM Grand Garden Arena custavam entre 3640 e 22.750 dólares (entre 3245 e 20.285 euros). Num combate considerado o mais caro de sempre na história do boxe, e onde na plateia estavam várias celebridades, coube a Jamie Foxx cantar o hino nacional antes de começar o duelo. A assistir estiveram, entre outros, Clint Eastwood, Robert De Niro, Mark Wahlberg, Denzel Washington, Michael Jordan, Tom Brady ou Donald Trump.