Trabalhava do nascer ao pôr-do-sol, nas vindimas e na apanha da maçã, em Espanha. Dormia em tendas de campismo, alimentava-se apenas de arroz ou massa e tomava banho em riachos.
O homem de 29 anos que o escravizou deixou de lhe arranjar trabalho e decidiu fazer negócio com o sogro, de 53 anos: entregou-lhe a vítima de 43 anos e em troca recebeu uma Ford Transit. O escravo foi sujeito a trabalhos forçados durante mais de cinco anos. Foi libertado pela Polícia Judiciária do Porto e os dois exploradores, residentes em Moimenta da Beira, presos.
O homem de 29 anos conheceu a vítima, natural de Vila Viçosa, quando aquela estava a residir num centro de acolhimento em Xabregas, Lisboa. O detido aproximou-se da vítima e propôs-lhe ir trabalhar para Espanha, aliciando-a com uma proposta de emprego bastante promissora. Iludido, o homem aceitou, mas assim que chegou a La Rioja, Espanha, foi empurrado para trabalhos forçados. Por dia recebia 20 euros, mas o dinheiro era depositado numa conta conjunta criada pelo detido mais novo, que acabava por ficar com tudo.
O escravo ainda tentou reagir algumas vezes e pedir o salário, mas sempre que o fazia era brutalmente agredido.
A vítima acabou por deixar de ter trabalho e o homem decidiu fazer negócio com o sogro. Entregou-lhe o escravo e, em troca, ficou com uma carrinha Ford Transit. O negócio não facilitou a vida à vítima, que continuou a ser escravizada até há bem pouco tempo. Para além dos trabalhos agrícolas, foi também forçado pelo preso mais velho a vender chapéus em feiras e festas de todo o País.
A primeira denúncia contra genro e sogro surgiu em 2009. Populares estranharam o facto de os dois homens andarem constantemente na companhia de trabalhadores com um aspecto muito fragilizado. Foram apanhados pela PJ.
Fonte: CM