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Estar com Amigos Faz bem à Saúde, Facebook Não
Estar com Amigos Faz bem à Saúde, Facebook Não

Um estudo do ISCTE sobre a "Amizade e a Saúde" revela que, pelo menos em Portugal, as redes sociais não estão a ajudar a criar relações mais saudáveis.

Em Portugal, a frequência de contacto com os amigos através do Facebook é um factor de risco para a proximidade aos outros. Ou seja, quem mais usa esta rede social sente-se mais só, acha que tem menos apoio de outros em caso de necessidade e sente-se menos ligado aos que o rodeiam.

Esta é uma das conclusões do primeiro estudo realizado em Portugal que analisa a relação «Amizade e Saúde» e tenta perceber até que ponto os contactos virtuais com amigos têm o mesmo impacto positivo que a amizade ao vivo. «Ter amigos faz bem à saúde. Mas será que os amigos do Facebook contam?», foi o ponto de partida para a análise realizada por uma equipa do Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE, Instituto Universitário de Lisboa, sob a direção da Professora Luísa Lima.

Segundo este estudo, a relação da amizade com a saúde prende-se principalmente com a construção de relações de proximidade, sendo que em Portugal existe uma prática frequente de sociabilidade com os amigos.

Os resultados mostram que na «vida real» 55% das pessoas inquiridas tem mais de 10 amigos, 59% tem 3 ou mais amigos íntimos e 48% convive pessoalmente com eles pelo menos uma vez por semana. Apesar de ser um padrão esperado numa amostra comunitária, indica uma elevada dimensão social e um alto nível de proximidade com os outros.

De facto, 58% da amostra indica que nunca ou raramente se sente só, 70% acha que tem pessoas para o ajudar em situações complicadas (e.g., doença), 45% sente-se bem integrado socialmente e 56% sente uma forte conexão social.

Na rede social a análise é diferente; 90% dos inquiridos tem Facebook e destes, 45% diz ter mais de 300 amigos, sendo que 80% reconhece que apenas 50 ou menos são verdadeiros.

Apesar de a dimensão de rede de amigos online associar-se a uma maior integração social, a frequência de contato com os outros no Facebook mostrou ser um fator de risco para a «amizade ao vivo». Por outro lado, 40% dos inquiridos refere ter estado na semana anterior pelo menos três horas nesta rede social.

O estudo indica que a amizade cria uma ligação próxima que promove a saúde, sobretudo quando é presencial (rimos mais, exprimimos um maior número de emoções positivas, sentimo-nos mais apoiados e otimistas, temos em quem confiar em momentos difíceis e temos pessoas que se interessam por nós e que não nos deixam “descarrilar”).

De uma forma muito mais indirecta, a sensação de pertença e de participação social conferidos por relacionamentos sociais menos profundos também impacta positivamente o bem-estar (validamos as nossas visões do mundo, reduzimos a incerteza, construímos afinidades com outros, comparamo-nos e assim construirmos as nossas opções e uma imagem positiva de nós próprios).

Por consequência, quem tem mais amigos e está com eles com mais frequência, apresenta mais saúde e um bem-estar mais elevado.

O estudo foi realizado em Abril de 2015, pela NetSonda para o Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-IUL) do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. Foram inquiridas 803 pessoas através de um painel online, numa amostra equilibrada em termos de sexo, regiões do país e escolaridade.


Categoria/s: Curiosidades,Saúde