Quarenta por cento dos pais portugueses, o dobro da média europeia, antecipa para os filhos uma situação financeira pior do que a sua e 1 em cada 3 jovens pensa emigrar.
Não há dúvida de que as perspectivas em relação ao futuro pesam bastante no momento de decidir ter um filho. Qualquer um de nós, para além de pensar se têm condições para lhe dar uma boa vida, provavelmente pondera se será sensato trazer mais um inocente a este mundo de loucos. Quando maior a instabilidade em que se vive, mais estas questões pesam.
Realizado a partir de dados recolhidos numa pesquisa realizada em simultâneo junto de 22.400 europeus de 21 países, o European Consumer Payment Report visou «conhecer a situação e saúde financeira das famílias», concluindo que, «para fazer face às despesas e chegar ao fim do mês, os cidadãos europeus continuam a enfrentar grandes desafios».
Vamos fazer a experiência aqui no Ainanas:
Achas que a geração dos teus filhos vai viver MELHOR ou PIOR do que a tua?
— Ainanas.com (@ainanas) November 18, 2015
Em Portugal, 40% dos entrevistados, mais do dobro da média europeia de 17%, afirmou acreditar que os filhos «viverão pior do que eles» porque terão que enfrentar «maiores dificuldades financeiras».
Por outro lado, 33% dos jovens até aos 25 anos disse ponderar emigrar “em busca de um futuro melhor, por causa da situação financeira em Portugal”, menos três pontos percentuais do que no inquérito de 2014, mas ainda assim o quinto valor mais elevado entre os 21 países abrangidos pelo inquérito (apenas superado pela Hungria, com 60%, Polónia com 41%, Eslováquia com 40% e Itália com 37%, e praticamente ao nível da Grécia, com 32%).
Globalmente, pouco mais de um em cada cinco portugueses (21%) considera a possibilidade de mudança para outro país devido à situação financeira em Portugal, passando a um em cada três no grupo etário até aos 34 anos.
Por outro lado, 24% dos inquiridos em Portugal que vivem maritalmente ou em união de facto apontaram a situação financeira como um fator para não terminarem a relação, nove pontos percentuais acima da média europeia, mas abaixo da França, que lidera este ‘ranking’ com 37%.
Segundo nota a Intrum Justitia, em Portugal esta opinião é mais comum entre os homens, com 28%, do que nas mulheres (19%).
Segundo as conclusões do relatório, 49% dos entrevistados portugueses afirmou não ter pagado algumas das suas contas a tempo nos últimos 12 meses, acima da média europeia de 44%, mas bastante aquém da Grécia, onde 78% dos inquiridos afirma ter passado por esta situação.
O relatório conclui ainda que 9% dos portugueses não conseguiu pagar dentro do prazo mais de cinco faturas nos últimos 12 meses, com 43% dos consumidores nacionais a justificar o atraso por incapacidade financeira para o fazer.
Face a esta situação, 15% dos portugueses afirmou ter pedido dinheiro emprestado nos últimos seis meses, em linha com a média europeia, sendo que mais de metade das pessoas que pediram dinheiro emprestado (62%) escolheu a família como principal fonte de financiamento, 24% os amigos e 18% pediu um empréstimo ao banco.
Apesar de cumprir a obrigação de pagar as suas contas, 55% afirma que depois de as pagar fica preocupado por não ficar com dinheiro suficiente para as restantes despesas, sendo este sentimento mais negativo entre as mulheres (62%) do que entre os homens (47%).
Do trabalho resultou ainda que 28% dos inquiridos em Portugal “têm medo de abrir a caixa de correio e encontrar mais contas”, menos oito pontos percentuais do que em 2014, e que 41% dos participantes economiza dinheiro regularmente, 79% dos quais “por razões de prudência, para poder lidar com eventuais imprevistos”.
A Intrum Justitia é uma consultora europeia de serviços de gestão de crédito e cobranças (CMS) fundada em 1923 e com 3.800 funcionários em 21 países, tendo iniciado atividade em Portugal em 1997.