Arménio Carlos começa a discursar no Terreiro do Paço e ouve-se em uníssono que o “povo unido jamais será vencido”. O Metro de Lisboa não consegue dar resposta aos milhares de pessoas que tentam chegar ao Terreiro do Paço.
Antes do discurso do líder da CGTP, entre buzinas e palavras de ordem, os “Homens da Luta” animaram a tarde no Terreiro do Paço, cantando várias músicas até ao momento em que chegou a maioria dos manifestantes que vinha em protesto desde os Restauradores.
A Praça do Comércio está cheia de bandeiras de sindicatos e cartazes escritos à mão com dizeres como “Otelo Por Favor Salva-nos” ou “Sinto que me estão a cagar em cima”. Muitos outros cartazes mandam “recados” usando palavras ofensivas contra o primeiro-ministro e ao Presidente da República.
Jerónimo de Sousa juntou-se ao desfile dos manifestantes desde o Rossio até ao Terreiro do Paço e disse-se “profundamente emocionado com a manifestação”, que considerou ser um salto qualitativo na luta e na consciência das pessoas.
O secretário-geral do PCP deixou uma espécie de aviso ao Governo: “Os portugueses estão atentos e o Governo não vai conseguir vender gato por lebre”.
“O Governo está descredibilizado e sem condições para continuar”, disse o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, que encabeça o desfile rumo ao Terreiro do Paço, juntamente com Mário Nogueira, da Fenprof, e Ana Avoila, da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública.
“O que sairá deste protesto já não é um cartão amarelo ao Governo, mas um cartão vermelho”, avisou Mário Nogueira.
A família Silva veio de Queluz para participar em mais uma manifestação, “pelo futuro dos filhos e pelo seu presente”.
A mãe chama-se Guida e é professora, o que foi facilmente reconhecível ao vestir uma t-shirt vermelha com a frase “Eu sou professor”: “Estou aqui porque as condições estão cada vez piores e as pessoas estão a manifestar-se, porque estão a chegar ao limite”.
A filha Bárbara, aos 16 anos, já fala em emigrar porque “Portugal está muito mal”.
O filho mais novo, Diogo, tem 12 anos, e está hoje na manifestação porque quer “um futuro melhor”.
São visíveis, sobretudo, bandeiras dos sindicatos como o dos enfermeiros, dos professores da Grande Lisboa e da Comissão de Trabalhadores da RTP, entre outros.
Entre os Restauradores e o Terreiro do Paço estão a praça do Rossio e as ruas do Ouro, Augusta e da Prata, que também já contam com milhares de pessoas.
Trabalhadores de todo o país estão a chegar a Lisboa para participar na manifestação convocada pela CGTP, com o intuito de mostrar ao Governo o descontentamento dos portugueses perante as medidas de austeridade impostas, e para defender novas políticas de desenvolvimento para o país.
Só do distrito do Porto saíram mais de cem autocarros, com mais de seis mil trabalhadores, com destino à manifestação nacional.
Vários movimentos sociais juntaram-se à manifestação de hoje, nomeadamente, os responsáveis pelo protesto de 15 de setembro – subscritores do apelo “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!” – e a Plataforma 15 de Outubro.
As forças de segurança também marcarão presença no protesto através da Comissão Coordenadora Permanente (CCP) dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, que integra elementos da PSP, GNR, Polícia Marítima, Guardas Prisionais, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.