Não é só o final que é perturbador. Este é um filme que inevitavelmente mexe connosco, porque a história é bem real, bem recente e de certa forma sentimos ter sido parte dela.
Acompanhámos de perto a ascensão e o declínio desta jovem espetacularmente talentosa e particularmente vulnerável que só queria escrever as suas músicas sossegada mas se viu arrastada para a fama que nunca procurou e que acabaria por a destruir.
É uma história muito humana e que fazia falta. Não vem de todo branquear o percurso da Amy Winehouse mas vem pôr em contexto tudo aquilo por que ela passou ao longo da vida, desde as primeiros passos na música até à sua morte a 23 de Julho de 2011 .
Nesse dia por acaso estava em Londres, tinha acabado de passar em Camden (zona onde ela morava) na noite anterior, e foi muito triste o ambiente que se sentiu após a sua morte. Todos ficaram surpreendidos, mas só por 2 segundos. Rapidamente se dizia: “já se estava mesmo à espera..”.
Mas não tinha de ter tido assim. O filme mostra vários momentos ao longo da vida da cantora em que se podia lhe podia ter dado a mão e em vez disso preferiram dar-lhe um pontapé no cu e mandá-la para o palco render dinheiro. O pai dela e o Blake não saem nada bem deste retrato, onde aparentemente só duas amigas se preocupavam de verdade com ela. Muito triste.
Agora, exatamente 4 anos depois da sua morte, este filme feito com entrevistas de pessoas próximas e videos, gravações e momentos nunca antes revelados da vida de Amy Winehouse é uma obra que todos deviam ver: não só os fãs mas também e especialmente os que não a têm em grande conta. Talvez os faça perceber melhor as coisas. A nós certamente fez.