Mas que desgraça…
A expectativa era mais que muita. Mais do que saber se iria ou não chover durante o primeiro dia do Rock in Rio Lisboa 2008, grande parte dos 90 mil visitantes da Cidade do Rock anseavam era pela estreia da britânica Amy Winehouse em palcos portugueses.
Os «será que ela vem mesmo?» foram desfeitos… quase 40 minutos depois da hora marcada. A pontualidade portuguesa foi justificada pela própria Amy: «Desculpem o atraso, mas estou muito mal da voz, devia ter cancelado o concerto».
Infelizmente, a cantora de «Rehab» não poderia estar mais certa. Para além da anunciada «falta» de voz da britânica, o público do Rock in Rio – que à hora deste concerto já chegava à lotação esgotada de 90 mil pessoas – assistiu a um espectáculo que roçou o ridículo. Visivelmente debilitada, Amy Winhouse lá foi debitando as letras de forma muito pouco segura, não fazendo jus às versões de estúdio de temas como «Back To Black», «You Know I’m No Good» ou «Rehab».
Ainda assim, e à falta de melhor, o público do Rock in Rio deixou-se embalar ao som, e esse sim de qualidade, da banda que acompanhou a polémica cantora.
Amy mostrou-se bastante comunicativa, embora por vezes fosse quase impossível perceber o que dizia. O sotaque forte aliado a um adivinhado estado de embriaguez (vinho e cocktails em cálices que foram passeando pelas mãos da cantora) foram a razão das falhas de comunicação com o público.
Em «Wake Up Alone», Amy fez questão de lembrar o seu marido Blake Fielder-Civil, preso há já alguns meses: «O meu marido Blake vai regressar a casa dentro de algumas semanas», repetiu, num anúncio emocionado à plateia.
Depois de uma tentativa falhada de tocar guitarra, de alguns tropeções em palco e de muitas gargalhadas do público, o concerto chegou ao fim com um «Valerie» muito fraquinho. Terá sido o alívio para Winehouse, num concerto apressado e com cortes no alinhamento para não atrasar a entrada de Lenny Kravitz em palco.
Foi pena, mas a estreia da cantora inglesa em Portugal não ficará certamente no álbum das boas memórias do Rock in Rio Lisboa 2008. O «rehab» será mesmo a melhor solução para Winehouse, para o seu próprio bem e para que não se perca de vez uma das vozes mais talentosas e quentes que surgiram nos últimos anos.
no IOL