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Pena máxima para o “Violador de Telheiras”
Pena máxima para o “Violador de Telheiras”

“Se pudesse dava-lhe 110 anos”. Juíza diz que “Sotero não matou ninguém, mas mata-se muita coisa com uma violação”. E lamenta só lhe poder dar 25 anos de cadeia.

“Se pudesse dava-lhe 110 anos”. Juíza diz que “Sotero não matou ninguém, mas mata-se muita coisa com uma violação”. E lamenta só lhe poder dar 25 anos de cadeia.

Henrique Sotero, conhecido como o violador de Telheiras, por durante mais de dois anos ter molestado mulheres e adolescentes naquela zona de Lisboa, foi condenado à pena máxima de prisão em Portugal. “Não se pode achar que matar é pior do que violar.” Foi desta forma que a juíza explicou a determinação de uma pena de 25 anos de cadeia, geralmente aplicada em casos de homicídio.

violador de telheirasHenrique Sotero foi considerado culpado de 71 dos 73 crimes de que era acusado. Foi dado como provado que o engenheiro de telecomunicações cometeu crimes de violação, sequestro, roubo, coacção, ameaças ou ofensas corporais contra 16 vítimas: duas eram do sexo masculino, as restantes 14 eram do sexo feminino e tinham entre 13 e 22 anos.

Sotero, que, por opção, não esteve presente na leitura do acórdão – à semelhança das vítimas ou familiares -, foi ainda condenado ao pagamento de indemnizações no valor total de 170 mil euros. As seis vítimas que o requereram serão indemnizadas com valores entre os 20 e os 35 mil euros.

O tribunal deitou ainda por terra a tese de que Sotero teria cometido aqueles crimes por sofrer de um distúrbio obsessivo-compulsivo. Com base nos depoimentos dos dois psiquiatras que o acompanharam, concluiu-se que o seu perfil não é o de um obsessivo-compulsivo e também não se encaixa no de um psicopata.

A juíza usou para este efeito alguns exemplos, como o facto de Sotero ter deixado de praticar crimes depois de começar a receber tratamento psiquiátrico, quando a medicação que poderia travar um impulso obsessivo-compulsivo só teria efeito daí a três ou quatro semanas; ou ainda o facto de Sotero ter declarado no julgamento que decorreu à porta fechada: “Se elas tivessem chorado, eu teria recuado.”

“O hiato entre o pensar e o agir”, confirmado pelos dois psiquiatras, e a cautela com que Sotero agia, parando a actuação sempre que acontecia algum imprevisto, também “não são próprios de um obsessivo-compulsivo”, rematou a juíza.

Apesar disso, concluiu-se que os actos causavam sofrimento a Sotero, a ponto de na última fase, depois de ter sido identificado, namorada e respectiva mãe ficarem com ele “em casa com medo de que se suicidasse”.

Durante o julgamento, o engenheiro que tinha 30 anos à data da detenção, confessou que escolhia as vítimas – “tinham de ser jovens e bonitas” – e foi dado como provado que também estudava a dedo o local onde praticava os crimes. Os prédios de Telheiras, Linda-a-Velha e Oeiras onde actuou tinham características semelhantes: arrecadações ou zonas de acesso limitado, havendo casos em que as próprias vítimas, residentes no prédio, desconheciam aquele espaço.

Pereira da Silva, advogado de Sotero, não assumiu a derrota da defesa nem adiantou se tenciona recorrer da decisão. À saída das Varas Criminais de Lisboa disse apenas que ainda terá de ler o acórdão.

Apesar de o Ministério Público ter pedido uma pena exemplar, e os advogados das vítimas 25 anos da prisão, António Rodrigues, um dos representantes das vítimas, admitiu que ficou surpreendido com a pena. “Mas não tenho dúvida de que foi feita justiça”, afirmou.

Sem cúmulo jurídico, o total das condenações apontava para uma pena de 230 anos e nove meses de prisão. Sotero vai cumprir pena no Estabelecimento Prisional de Lisboa, onde já se encontrava em prisão preventiva desde Março de 2010.

Fonte: CM, I