«Sinto muito. Enganei-me e não voltará a acontecer.» Foi desta forma que o rei de Espanha comentou esta quarta-feira, à saída do hospital San Jose, em Madrid, após ter recebido alta, a polémica que envolveu a sua viagem ao Botswana, para uma jornada de caça grossa, onde partiu a anca na sequência de uma queda na passada sexta-feira.
As palavras de Juan Carlos foram breves mas significativas, depois das múltiplas críticas que recebeu de todos os setores da sociedade espanhola pela realização de uma viagem desta natureza em pleno período de crise.
«Agradeço à equipa médica e à clínica pela forma como fui tratado. Quero retomar as minhas obrigações. Sinto muito. Enganei-me e não voltará a acontecer. Obrigado a todos», disse o monarca, deixando depois a unidade hospitalar num veículo todo-o-terreno prateado com a janela aberta de forma a poder saudar as pessoas que o esperavam no exterior.
Entretanto, World Wildlife Fund (WWF), uma das principais organizações ecologistas do Mundo, de cuja delegação espanhola Juan Carlos é presidente honorário desde 1968 — nunca participou, aliás, em quaisquer atos da organização —, reuniu-se de forma extraordinária para discutir a crise provocada pela viagem do rei, estando em cima da mesa a possibilidade de o afastar do cargo, decisão que terá de ser tomada pelos sócios.
O jornal El Mundo revelou que Juan Carlos viajou ao Botswana a convite de Eyad Kayali, um empresário saudita conhecido como representante da casa real da Arábia Saudita em Espanha, onde vive há alguns anos, pelo que o erário público espanhol não teria suportado quaisquer despesas.