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Férias Para a Alma: Plum Village

Leia, respire, medite. No sul da França, um mosteiro budista mostra como a vida pode ser mais simples

Era uma viagem de alto risco. Nunca tinha lido nada sobre Budismo. O máximo que eu tinha me permitido na linha do esoterismo era fazer meu mapa astral. Cultura oriental, para mim, se resumia a shiatsu e sushis. Agora, iria passar alguns dias num retiro em Plum Village (Vila das Ameixas), na Dordogne, sul da França. O objetivo era escrever uma reportagem sobre o fundador da Igreja Budista Unificada, Thich Nhat Hanh ( na foto ), o mestre zen vietnamita que, em 1967, foi indicado por Martin Luther King para ganhar o Prêmio Nobel da Paz. Decidi levar para o retiro meus dois filhos, que me visitavam em Paris. Bruno, 19 anos, e Pedro, 14, são cariocas, surfistas, amam a praia. Era um verão chuvoso. No site de Plum Village, percebi que a viagem não prometia descanso. Eu teria que acordar às cinco e meia da manhã para meditar em jejum. Passaria os dias em palestras, caminhadas e sessões de meditação. Iria trabalhar em grupo – cortar legumes e verduras, limpar a cozinha, lavar louça.

Meditação, trabalho e chuva no campo, junto com os filhos, nas férias escolares? Não parecia muito inteligente. Afinal, em nossa última aventura, tínhamos mergulhado em Fernando de Noronha. Para conhecer Plum Village em família, a hora certa é o verão europeu, quando os lótus florescem, há adolescentes e o tempo ajuda. Quem sabe, aprenderíamos outro tipo de “mergulho”? O que era para ser uma reportagem virou uma revelação. Para nós três.

Thich Nhat Hanh é pequeno, a testa lisa, careca como todos os monges. Tem 74 anos, mas o rosto jovem e seu humor simples atraem as crianças, que sempre o rodeiam nas caminhadas em Plum Village. Thich significa “mestre” e é assim que ele é conhecido. (Algumas de suas frases estão reproduzidas ao longo desta matéria.) Exilou-se na França nos anos 60, depois de dar uma palestra pacifista nos Estados Unidos e ser proibido de voltar ao Vietnã. Na maior parte do ano, viaja. Dá palestras na Alemanha, na França, no Brasil. Produz retiros especiais na França para executivos, psicanalistas, presidiários e refugiados vietnamitas. É escritor, jardineiro, professor, ativista da paz. No Retiro do Verão, em julho, recebe 1 600 pessoas de cerca de 15 países em Plum Village, comunidade que fundou há quase 20 anos.

Fala e anda devagar, e repete sem cansar seus ensinamentos. Tay, como o monge é chamado, tenta ensinar gente de todas as idades a respirar direito e a aproveitar o momento presente. É o princípio de tudo. Parece pouco? Não é.

O exercício de paciência começa na inscrição. Telefonar para os monges, só das 9 às 10h30 e das 16 às 17 horas, às terças, quartas, sextas e sábados. E, mesmo assim, quase não respondem. Você não entende como uma Igreja Budista com sucursais no Canadá, Estados Unidos e Europa possa ser tão “desorganizada”. Só mais tarde fica claro que se trata de um sutra ou um ensinamento para a arte da paciência. É possível, sim, fazer a inscrição pelo site, mas o período mínimo que a comunidade aceita é uma semana, em casos raros três ou quatro dias. Os retiros duram normalmente um mês e o de inverno é para os residentes e os monges. Um mês é o tempo ideal, segundo os monges. Mas, se você aprender de cara duas lições – concentrar-se em cada coisa que estiver fazendo e controlar a respiração, a emoção e o silêncio –, terá aprendido muito.

O trem barulhento que cobre os 85 quilômetros de Bordeaux à minúscula estação de Sainte Foy la Grande já é uma experiência. Parece uma viagem aos anos 70. Batas, mochilas, cabelos longos, vestidos inocentes, botas, uma moda romântica e desleixada. É fácil identificar quem vai para o retiro. Os iniciados têm o ar desligado, os modos gentis, e sorriem por nada. São sete núcleos em Plum Village, distantes alguns quilômetros entre si. Da estação de trem, 20 a 30 minutos de carro para o núcleo mais próximo. Eu já tinha sido informada por telefone (depois de inúmeras tentativas), que alguém iria nos pegar na estação, mas que precisaria chegar na quarta-feira. É o dia da chegada, quando as discussões, à noite, se dedicam aos novatos, aos iniciantes. Na porta da estação, nos aguardavam algumas caminhonetes, com os monges-motoristas. Os grupos chegam sem saber para onde vão, fazem muitas perguntas, os monges falam pouco, sorriem, e confirmo que treinar a paciência será realmente um dos requisitos.

Chegamos ao núcleo principal, Upper Hamlet, onde vou fazer o registro formal com meus filhos. Chove. Uma sala de 26 metros quadrados, onde se entra sem sapatos, e onde se empilham alguns monges e três terminais de computador. Só um dos monges, o irmão Ananda, é bom no computador. Primeiro choque cultural: eles não aceitam cartões de crédito ou de banco e eu não tinha levado dinheiro. Mas nos aceitam em confiança. Tudo continua parecendo desorganizado. Não temos a menor idéia do que esperam de nós ou do que vamos fazer. Antes do jantar, alguém nos leva a um núcleo recém-aberto, West Hamlet, isolado, que se resume a umas casas de pedra no meio do campo, e vinhedos a perder de vista. Bruno, Pedro e eu ficamos sem fôlego com a calma e a beleza. Somos levados a um quarto com parca iluminação, três camas, um banheiro. Roupa de cama limpa. Quem cuida desse núcleo é um casal de budistas. Moram ali. Cresceram juntos, eram vizinhos na Austrália.

Como somos uma família de novatos, eles explicam que o silêncio será apreciado. Em alguns períodos – no café da manhã, nos primeiros 15 minutos de cada refeição e à noite –, o silêncio deve ser total, ou seja, nem conversa sussurrada. Nada é imposto, nem o programa de meditação e discussões. Faz quem quer.

Para quem nunca entrou numa comunidade dessas, a primeira sensação é de estranheza. De repente, toca o telefone, e todos, inclusive as crianças, param o que estão fazendo, se calam e aguardam o terceiro toque. Só depois voltam ao “normal”. O mesmo acontece com três badaladas do sino, ou três toques do relógio. Os gestos, os talheres e as palavras suspensos no ar. O ritmo da cidade grande fica longe. Os passos rápidos parecem deslocados numa comunidade em que todos andam devagar. Fica evidente como as pessoas se deixam influenciar pelo ambiente. Imaginar que aquele ali ao lado falando baixo e sorrindo com delicadeza, dividindo trabalhos e se comportando educadamente, pode estar, de volta ao seu cotidiano, brigando… Para quem não sabe, é a tal “energia negativa do hábito” (vasana, em sânscrito) que nos leva a fazer e a dizer coisas que não queremos e que provocam mal-estar em todos.

Fumo, carne e álcool são vetados. Pede-se que se evite sexo durante os retiros. Mas a corrente de Thich Nhat Hanh é bem menos rigorosa que várias outras comunidades budistas, como a tibetana, por exemplo. No “dia da preguiça” em Plum Village, um dia por semana em que não há atividades programadas, pede-se que se “resista à tentação de ir à cidade”. Os monges acham que sair no meio do retiro quebra o processo mental de conscientização. As dicas são passeios nos lagos, nas trilhas, nos vinhedos. Ninguém fica ali “preso”. E há quem realmente não se habitua só à comida vegetariana e fica doido para sair e comer um hambúrguer. Esse pega o carro ou uma carona e vai à cidade. Ninguém é punido.

Há uma organização natural e simples, na qual você se encaixa sem perceber. Cada visitante é destinado a uma “família” de umas 12, 15 pessoas. A nossa era a Dandelion (dente de leão). Se faz sol, pode ser embaixo da árvore, em bancos de madeira. Se chove, vai-se para o templo principal ou um dos abrigos. Quem já fez terapia de grupo sabe que, dependendo de quem está ali, o papo pode ser aborrecido ou interessante. Holandeses, franceses, suecos, italianos, cada um com suas angústias. A holandesa, linda, tinha vergonha de ser modelo. O americano, pouco mais de 20 anos, decidira doar tudo e ir morar em Plum Village. O monge que coordenava as discussões sempre destacava um dos temas que o Tay tivesse abordado pela manhã.

Não é um spa. Mesmo no verão, acordar às cinco e meia da manhã é um desafio. Escuro, frio. Pedro, nos seus 14 anos, nem tentava. Eu e meu filho mais velho ouvíamos o sino, levantávamos e, agasalhados, andávamos cinco minutos até o pequeno templo de meditação local de West Hamlet, iluminado com um lampião. Em jejum, sem conversar. Tirávamos os sapatos, escolhíamos o melhor suporte, almofadas ou banquinhos de madeira, nos sentávamos em posição de lótus ou nos ajoelhávamos para meditar, costas eretas, olhos fechados. Mas, de preferência, sempre sem esforço, sem sacrifício. Meditar é não pensar. Ou então, nas meditações guiadas, refletir sobre alguns sentimentos, guiados pelo mestre. Bruno e eu jamais tínhamos meditado. Foi uma experiência curta mas intensa. “Despertar” dessa meditação e sair do templo com o dia clareando, o ar puro de doer nas narinas, sempre em silêncio, dá uma sensação de flutuar no tempo e no espaço. Acordávamos Pedro e íamos tomar o café. Pão integral, cereais, iogurte, tudo saudável.

De carona com um espanhol que vai todos os anos a Plum Village, íamos para o núcleo principal, Upper Hamlet, passando por colinas e vales. E prosseguíamos com o programa: às 8h30, palestra do Tay, para a qual vêm todos os que estão hospedados nos sete núcleos. Ele fala em inglês, francês ou vietnamita, dependendo da ocasião. Há traduções simultâneas em várias línguas, como espanhol, italiano e outras. Tay ensina como controlar a raiva, no trabalho e na família. Como resistir ao consumismo. Seja qual for o assunto, o objetivo é que as pessoas ali, em Plum Village, voltem ao mundo “lá fora” dispostas a buscar o equilíbrio. Tay convoca aleatoriamente um homem, uma mulher e duas crianças na platéia para que representem uma família. Cada um tem que expressar suas queixas para com o comportamento do outro. Os problemas são tão conhecidos por quem já experimentou o casamento! O “casal” tem que chegar a um consenso. As crianças entram no jogo, aconselhando os pais a dar mais tempo a elas.

Depois da palestra, passa-se a uma caminhada lenta e silenciosa. A flor de lótus parece extraterrena, imensa e alta, nascendo da água como uma vitória-régia, de vários tons de rosa, com uma corola verde e estranha. Esse exercício de se concentrar no presente, somado ao hábito de sorrir para desconhecidos, transforma sua relação com o mundo. Qualquer pessoa de fora terá a impressão de testemunhar uma cerimônia em que todos estão drogados. Deslizam, não caminham. O tempo ganha outra dimensão.

Às 13 horas, almoço. No refeitório repleto, o ruído é apenas dos talheres e das crianças menores. Nos primeiros 15 minutos de refeição, ninguém conversa. É artificial? Muito. Mas é uma disciplina com a qual a gente se acostuma, especialmente quando lembra que não vai ser assim para sempre. Às vezes, no mundo normal, fora de Plum Village, também é duro comer com alguém falando bobagem ao seu lado. Ou comer discutindo. Ou trabalhar comendo. Tudo isso é pouco saudável, mas muito freqüente, todos sabemos.

No retiro, lava-se a própria louça, em tendas abertas fora do refeitório. À tarde, faz-se working meditation, o trabalho em grupo, em sistema de rodízio entre as “famílias”. Quem cozinha mesmo são os monges e os residentes, mas os “hóspedes” como nós ajudam a cortar legumes, verduras e a limpar a cozinha – uma tarefa e tanto. Às 16h30, é hora da conversa com a “família”. Às 18h15, o jantar. Depois, uma hora de “meditação sentada” no templo principal de Upper Hamlet. E, às 22h15, vai-se dormir. Da meditação noturna até o fim do café da manhã no dia seguinte pede-se que todos respeitem o noble silence – silêncio nobre. Uma forma de não incomodar os outros e dormir em total sossego.

Esse programa não precisa ser seguido religiosamente. Como nossa temporada seria curta, eu e Bruno cumprimos todas as etapas. À noite, eu ficava exausta. Pedro pegava mais leve. Ouvia as palestras, aprendia os cânticos, discutia com a “família”, mas escapava em programas diferentes com os outros adolescentes. Quem tem menos de 15 anos vai, na primeira noite, para a “sala de transformação”. Pedro estava meio assustado. Brincávamos dizendo que ele iria sair da sala careca e de bata. Claro que não foi isso. Mas, mesmo assim, ficou surpreso com Plum Village.

Quando a chuva forte impedia a caminhada diária, Tay ia para a “sala de transformação” e contava histórias para as crianças e seus pais, junto à figura do Buda. Explicava que Buda não era um deus, mas sim um homem que encontrou o caminho da compreensão. Dharma significa o caminho. Sangha é a comunidade, os homens e mulheres que se engajam na plena consciência. E a plena consciência (chánh niêm, em vietnamita) é o contrário do esquecimento e da alienação. As lições são os sutras. E os exercícios mais importantes são os da respiração consciente para administrar as dificuldades do dia-a-dia.

Tay jardinava quando um jornalista lhe perguntou por que desperdiçava tempo plantando alface, quando poderia estar escrevendo livros ou dando palestras. “Se eu parar de plantar alface, não consigo mais escrever”, respondeu Tay. O maior desafio de Plum Village está fora dos limites daquela área verde. Despejar de volta na correria, na poluição, na briga pela sobrevivência dos centros urbanos, um exército de pessoas que consigam manter a tolerância, a saúde e a lealdade acima das divergências. Nos últimos três anos, 218 373 pessoas fizeram retiros em Plum Village. A maioria volta e leva amigos, filhos e namorados. Para uma experiência quase impossível de descrever numa reportagem…

Para saber mais

Na internet

www.plumvillage.org

www.bouddharama.com

www.zen-deshimaru.com

“Em Plum Village, as pessoas falam e andam devagar. A gente aprende a respirar direito e a aproveitar o momento. Parece pouco. Mas não é”

A flor de lótus (acima) faz parte da paisagem. Longas caminhadas diárias compõem o cotidiano daqueles que desejam fugir da paranóia urbana

O clima de serenidade e as instalações simples garantem aos visitantes de Plum Village momentos de paz e de contato com a natureza do sul da França

“O sorriso deve ser uma prática, especialmente nos momentos difíceis”

“Quando aprendermos a entrar em contato com a paz, estaremos curados. Não é uma questão de fé, é uma questão de prática”

“O futuro é composto de uma única substância chamada presente”

“Existe uma montanha dentro de você. Você é mais sólido e alegre do que pensa”

Nos ônibus parisienses um anúncio ensina: “Saiba como se tornar zen: basta comprar o passe anual de transporte público e seu estresse acaba”. Claro que o conceito histórico do zen é mais profundo. Mas o que nós, ocidentais do século 21, chamamos de zen tem semelhanças com essa filosofia que nasceu antes de Cristo e muito antes do próprio Buda: a paz de espírito. A primeira definição de zen foi encontrada num texto chinês do século 10 a.C. A palavra zen é japonesa, e sua origem é um ideograma chinês, o tch’na ou chana, que significa “absorção”. Os japoneses conseguiam ler os ideogramas chineses mas pronunciavam de forma diferente. Há 2 600 anos, quando Buda transformou o conceito em filosofia, sua língua era o pali: nesse idioma, o ideograma chinês foi transcrito como jhana. Chana, jhana ou zen, tudo quer dizer “absorção”.

Ao longo dos séculos, os mestres transmitiram os ensinamentos sem interrupção a seus discípulos, e o Zen tornou-se uma importante escola do Budismo, que alia a filosofia e a psicologia à sua principal prática: a meditação sentada. O Zen tem duas correntes principais: Soto e Rinzai. O Zen é a prática do zazen, a meditação. Mas nem todos os budistas compartilham o mesmo conceito sobre meditação. Há práticas mais rígidas, que a corrente vietnamita de Tich Nhat Hanh compara a “árvores secas, sem alma, nem alegria, destinadas a destruir todos os tipos de desejo”. Aos novatos, o mestre recomenda o método do “reconhecimento puro”, sem julgamento: que se medite acolhendo da mesma forma sentimentos de compaixão ou cólera. O objetivo é que uma hora de meditação por dia, por exemplo, valha por 24 horas. Foi na posição de lótus que, diz a história, o Buda alcançou a luz ou o despertar há 2 600 anos.

Mas essa postura de êxtase (ekstasis, no qual eks significa fora, além, e stasis, imobilidade, substância), com as costas retas, o tórax levemente para a frente, o olhar para a frente, o corpo sem tensão e as pernas cruzadas em forma de lótus ou semi-lótus, já existia na pré-história, de acordo com os arqueólogos. Na Irlanda, na Grécia, na Índia, descobertas de figuras esculpidas, estátuas e esqueletos em posição de zazen mostram que 11 000 anos antes de Cristo essa postura já era conhecida. Muito antes de Buda, o deus da ioga e da dança, Siva, também estava sentado na postura zazen embaixo de uma figueira. No Ocidente, Zen virou sinônimo de exótico. Popularizado nas artes marciais, na cerimônia do chá ou nos arranjos florais orientais, acabou perdendo um pouco a força do seu significado original. Segundo o historiador D.T. Suzuki, o princípio do Zen é wu-nien, o não-mental, a inconsciência.

Para o fundador do Zen como prática budista, Boddhidarma, no século 6 a.C., o que se busca é “o vácuo, a paz, o abissal”. Guy Massat, monge ligado ao mestre Deshimaru, analisou as relações entre o Zen e a psicanálise. A seu ver, o psicanalista francês Jacques Lacan, ao usar enigmas, aproximou as duas práticas. O antropólogo Claude Lévi-Strauss identificava Lacan como um mestre Zen leigo. Ao estudar o chinês antigo, Lacan escreveu que “o melhor do Budismo é o Zen, quando as pessoas querem sair naturalmente do seu ‘inferno’ íntimo (infernal affaire), como diz Freud.” Para o monge Massat, ao criar as “não-sessões”, o que Lacan fazia era exatamente integrar psicanálise e Zen: “A interpretação analítica, como o Zen, não se destina a ser compreendida, mas, como diz Lacan, a criar ondas”.

Thich Nhat Hanh decidiu entrar para um mosteiro aos 16 anos e publicou seu primeiro livro aos 20, Um Budismo Para Hoje. Ainda no Vietnã, optara por dedicar sua vida a ajudar os outros. Por isso, é considerado um vanguardista do Budismo “socialmente engajado”. Criou, em Saigon, a Universidade Van Hanh, em barracos insalubres. Em 1961, foi para os Estados Unidos ensinar religião comparada nas universidades de Columbia e Princeton. Dois anos depois, com a guerra civil no Vietnã, fundou em seu país a Escola dos Jovens inspirado pelo movimento de Gandhi, na Índia. Queria inculcar na juventude o desejo de intervir por uma sociedade mais justa. Durante a Guerra do Vietnã, trabalhou pela paz reconstruindo aldeias. Foi aos EUA, onde discursou em favor da paz e acabou impedido de voltar ao Vietnã.

Fundou a Igreja Budista Unificada já exilado na França, em 1969, mas a comunidade de Plum Village, a quatro horas de Paris, só foi criada em 1982. Hoje, 75 de seus livros são editados em inglês, muitos traduzidos para o português. Na Califórnia e no Canadá, adeptos de Thich fundaram mosteiros com a mesma filosofia da plena consciência.

Ruth de Aquino, de Paris – Superinteressante

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