
Logo após ter saído de uma manifestação contra a violência sexual, em Lisboa, uma atriz portuguesa documentou comentários controversos de um condutor TVDE, expondo atitudes que perpetuam a problemática debatida no próprio protesto.
“Elas metem-se aqui à mão de semear, estão sujeitas… Também têm de ter juízo. Andam aí todas… Depois metem-se a mijar ali fora, com as cuecas para baixo, bêbedas… Não é que isso lhes dê direito a serem atacadas, mas também têm de se portar bem. Eles também não deviam fazer isso, claro, mas o ladrão faz a ocasião”.
Uma manifestação contra a violência sexual em Lisboa transformou-se num momento revelador quando a atriz Joana Cravo documentou comentários controversos de um condutor TVDE, evidenciando precisamente as atitudes que o protesto pretendia combater.
O incidente ocorreu após a concentração “violação não se filma, condena-se”, que reuniu centenas de pessoas em frente à Assembleia da República no dia 5 de abril. A atriz, conhecida pelo seu papel na série “Os Eleitos”, registou e partilhou nas redes sociais os comentários do condutor que tentavam justificar a violência sexual com base no comportamento das vítimas.
A gravação, que rapidamente se tornou viral com mais de 300 mil visualizações, gerou uma onda de indignação nas redes sociais, com milhares de utilizadores a denunciarem a normalização de discursos que perpetuam a cultura da violação. O episódio serve como exemplo concreto das atitudes sociais que continuam a dificultar o combate à violência sexual em Portugal.