Operação em Gaza. As forças israelitas avisaram os palestinianos em Gaza para que se afastem dos túneis e depósitos de munições. Ainda sem cessar-fogo à vista, Telavive anunciou que vai entrar na terceira fase da operação militar
Pressões para Hamas aceitar plano egípcio
Israel lançou ontem panfletos na Faixa de Gaza a avisar a população palestiniana de que o seu ataque militar entrará em breve na terceira fase, incluindo a “intensificação das operações contra túneis [clandestinos], armas e arsenais”. A mensagem foi enviada para os telemóveis dos habitantes de Gaza, em árabe, avisando as pessoas para que não se aproximem destes potenciais alvos. Houve muitas reacções de pânico.
A possibilidade de escalada no conflito surge num contexto de continuação de manobras diplomáticas, fortes bombardeamentos e confusão na ajuda humanitária. Ontem, em Washington, o ainda Presidente americano, George W. Bush, repetiu a ideia de que um cessar-fogo rápido depende da paragem do lançamento de rockets do Hamas contra Israel.
Por outro lado, o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, pediu ao Hamas para que aceite “sem hesitações” o plano egípcio de cessar-fogo que circula nos meios diplomáticos. A ideia do Cairo é parar os combates por um período limitado, para permitir estabelecer corredores humanitários. Fontes israelitas afirmam que o plano prevê forças palestinianas leais a Abbas na fronteira egípcia da Faixa de Gaza, ou seja, em território controlado pelo Hamas, um movimento radical islâmico que tomou conta da Faixa de Gaza em Junho de 2007, afastando na altura as forças da Fatah, de Mahmud Abbas, que desde então não têm qualquer controlo sobre a zona.
Ontem, Israel prosseguiu o bombardeamento de alvos na Faixa de Gaza, atacando cerca de quatro dezenas de locais, sobretudo túneis que ligam o território ao Egipto e que servem para contornar o bloqueio israelita. Israel afirma que há mais de 200 túneis, usados para importar armas provenientes do Irão. Segundo Telavive, ontem foram mortos 15 militantes do Hamas.
Fontes palestinianas, em Gaza, referem por seu turno a morte de oito pessoas da mesma família, incluindo uma criança de 12 anos. Além destas vítimas, o ataque provocou ainda seis feridos. Citada pela AFP, uma mulher desta família explicou que todos estavam em sua casa quando começou o bombardeamento. “Fugimos para outra casa, quando os carros de combate começaram a atirar. E, então, fomos atingidos”, disse a mulher, que ficou ferida e estava a ser tratada no hospital.
Ontem, ao fim do dia, segundo fonte palestiniana, o balanço da operação militar israelita ia em 854 mortos, incluindo 235 crianças e 93 mulheres. Muitos dos restantes eram civis. Também ontem, o Hamas disparou quatro rockets sobre Israel, sem fazer vítimas. Ao todo, já morreram 13 israelitas, sobretudo militares.