O novo carro apresentado pela Mercedes no Consumer Electronic Show é uma autêntica sala de estar com rodas.
Para além de ser mega confortável e luxuoso, o F015 conduz-se sozinho e basta usar a App para o chamar para nos vir buscar. É claro que quem tiver dinheiro para comprar este bicho já tinha um motorista, que é praticamente a mesma coisa. Resumindo, toda esta tecnologia só vai fazer uma coisa: acabar com um posto de trabalho. hehe
Mas é bem possível, e até provável, que num futuro próximo todos os carros, até os de gama baixa, sejam capazes de se conduzir a si próprios. Aí é só meter vidros fumados e acaba-se também o negócio dos moteis.
No interior do carro de aspecto futurista, quatro grandes poltronas brancas giram de forma a que os ocupantes possam estar virados uns para os outros. Vários ecrãs estão ao dispor dos passageiros e podem ser usados com toques, gestos e, para algumas funcionalidades, simplesmente com o movimento dos olhos. Os condutores podem virar a cadeira para a frente e assumir a condução. Luzes na frente e traseira mudam de cor, para indicar aos outros carros se o veículo está em modo manual ou automático.
“Tempo de qualidade num espaço privado vai ser o verdadeiro bem de luxo no futuro”, disse Dieter Zetsche, presidente executivo da Daimler, a empresa dona da Mercedes. Na apresentação na CES, em que esteve acompanhado por um robô, Zetsche lembrou ainda que “a humanidade está a sonhar há 50 anos com carros autónomos” (um dos primeiros carros que andava sem condutor foi posto na estrada nos anos 1960, pela General Motors e várias outras experiências têm sido feitas desde então).
Nos últimos anos, as fabricantes de automóveis têm sido uma presença assídua na CES, o maior evento de tecnologia de consumo do mundo. O sector automóvel está a dirigir-se para modelos com mais ecrãs, mais ligados à Internet e capazes de interagir com a panóplia de aparelhos electrónicos do quotidiano moderno, entre os quais telemóveis e tablets.
Para além disso, as marcas estão a apostar na criação de carros autónomos e várias já apontaram o virar desta década como uma data em que poderão começar a comercializar veículos. Em 2013, a Mercedes tinha apresentado um carro que se conduz sozinho. Com um aspecto mais convencional, este modelo já fez vários quilómetros de estrada, mas ainda em testes. Porém, a marca tem à venda um modelo equipado com várias funcionalidades para assistência na condução: por exemplo, é capaz de parar e arrancar em situações de filas de trânsito, mantendo uma distância de segurança e poupando o condutor à monotonia do “pára-arranca”.
Os carros autónomos, no entanto, têm vários desafios para ultrapassar. A tecnologia permite algumas viagens seguras, mas o ambiente caótico das cidades ainda é um problema. O Google, que está há anos a desenvolver um carro capaz de andar sem condutor, reconheceu que tem dificuldades com situações triviais para humanos, como semáforos sobre os quais incide a luz solar. Para este género de carros poder circular nas estradas são também precisas alterações legais (algo que já aconteceu na Califórnia). E, por fim, será necessária a confiança dos consumidores.
O conceito mostrado agora pela Mercedes, e que conseguiu muita atenção mediática, contrasta com o o aspecto utilitário do pequeno carro autónomo do Google. As afirmações do presidente da Daimler parecem querer realçar a diferença: “Quem estiver focado apenas na tecnologia, ainda não percebeu como os veículos autónomos vão mudar a nossa sociedade. O carro está a ir além do papel de um mero meio de transporte e acabará por ser um espaço habitável móvel”.