Se achavas que o PRISM era mau, prepara-te para o XKeyscore. Agora sabemos em pormenor como funciona o programa da NSA que recolhe e torna pesquisável tudo o que fazemos na internet.
A Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos usa um programa para recolha de dados em larga escala que lhe permite aceder a “quase tudo o que um utilizador comum faz na Internet”, incluindo o conteúdo de emails, mensagens privadas trocadas no Facebook e o histórico da navegação de sites, revela o jornal The Guardian.
O programa, chamado XKeyscore, já tinha sido referido de uma forma superficial pela revista alemã Der Spiegel, no início da semana passada, mas o jornal britânico publicou nesta quarta-feira uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), facultada pelo analista informático Edward Snowden.
Descrito pela própria NSA como o seu programa “mais abrangente” com vista à recolha de dados, o XKeyscore permite perceber melhor uma das declarações mais polémicas de Edward Snowden durante as entrevistas que deu em Hong Kong ao jornalista Glenn Greenwald e à realizadora Laura Poitras:
[to_like id=”23382″] [/to_like]
“Sentado na minha secretária, podia espiar qualquer pessoa, tu ou o teu contabilista, um juiz ou até mesmo o Presidente, desde que tivesse um endereço de email.”
De acordo com a apresentação revelada pelo The Guardian, os analistas da NSA têm apenas de preencher alguns campos num formulário e acrescentar uma justificação genérica (num dos slides lê-se apenas “alvo em África”) para fazerem a pesquisa.
De imediato, têm à sua disposição “quase tudo o que um utilizador comum faz na Internet”, incluindo actividade em tempo real, e sem necessidade de obterem um mandado judicial – segundo a lei norte-americana, só é exigido um mandado para espiar cidadãos norte-americanos e que sejam considerados suspeitos. Se os alvos da intercepção forem cidadãos estrangeiros, ou cidadãos norte-americanos em comunicação com estrangeiros, não é necessário um mandado judicial.
O XKeyscore permite pesquisar informação por nome, número de telefone, endereço de IP, palavras-chave ou pelo tipo de browser usado. Podem ser feitas pesquisas “no corpo das mensagens de email”, nos campos “Para, De, CC e BCC” e nos formulários disponibilizados por sites para que os utilizadores possam enviar mensagens, por exemplo.
Os documentos secretos da NSA revelam também a existência de uma ferramenta chamada DNI Presenter, que permite o acesso ao conteúdo de emails e aos chats e mensagens privadas do Facebook.