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Português deu volta à Europa gastando 1 euro por dia
Português deu volta à Europa gastando 1 euro por dia

Um exemplo abusado de que é possível fazer mais com menos. Com mais esforço e menos desculpas, podemos realizar os nossos sonhos. Tinhamos de partilhar.

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Um exemplo abusado de que é possível fazer mais com menos. Com mais esforço e menos desculpas, podemos realizar os nossos sonhos. Diogo Bhovan, português, 19 anos, tinha um: viajar.

Ele queria correr todo o mundo. Como não tinha dinheiro pra isso, decidiu ficar na Europa. Ao ver que não teria dinheiro nem para viajar na Europa, pegou em um euro para cada dia e partiu à aventura.

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Os pais, primeiro, chamaram-lhe maluco, como é costume. Foi preciso perceberem que o rapaz estava mesmo decidido para começarem a aceitar e mesmo apoiar o projeto, com pagina no Facebook.

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No Verão, Diogo decidiu. Se não dava para ser o mundo todo, iria começar na Europa. Se não dava para ser com mais dinheiro, iria partir com um euro por cada dia de viagem. “Pensei em mil e uma formas de tentar suprimir este obstáculo [monetário], até que decidi tomar uma decisão radical e fazer a viagem sem dinheiro. Depois alterei a ideia e fiz com apenas um euro por dia”, conta-nos. O valor era simbólico, um conceito para que pudesse dizer “vou ali e já venho”, nome que deu ao projecto. Um incentivo para que se deixasse levar à aventura. “Queria que fosse a viagem a controlar-me um bocadinho a mim”, recorda o jovem de 19 anos, estudante de Engenharia Informática e presidente de uma associação juvenil.

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Ao longo do mês de Agosto, Diogo visitou sete países, de França a Itália. Dormiu num camião TIR e descobriu “um bocadinho o mundo dos camionistas”, conheceu Berlim e Viena através do olhar de quem o acolheu, reencontrou familiares em Luxemburgo, trabalhou uma noite num festival e até decidiu passar pela “experiência de pedir esmola” para comprar um hambúrguer.

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Em cada cidade, falava com centenas de desconhecidos sobre o projecto, pedia boleia, alojamento, comida ou mesmo dinheiro. Recebeu “muitos ‘não’, muita indiferença”, mas também solidariedade. Depois de uma noite de duas horas de sono na entrada de um hostel e de dois dias a percorrer Paris de lés-a-lés “para ver se alguém o conseguia ajudar” a encontrar um sítio onde ficar, o português conheceu Catherine, uma jornalista britânica a viver em França. Convidou-o para ir com ela e um amigo a uma sessão de cinema ao ar livre e depois ofereceu-se para o alojar naquela noite. “Lembro-me de estar aliviado, a ter uma boa refeição com aquelas duas excelentes pessoas, a ver um filme ao ar livre, com a Torre Eiffel como paisagem à minha esquerda, enquanto acontecia o pôr-do-sol”, conta.

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“Encontrei pessoas em todos estes países completamente extraordinárias, que não me conheciam e que me davam as chaves de casa, que diziam para comer o que quisesse do frigorífico”, recorda. Em Bruxelas chegou mesmo a ir buscar as chaves do apartamento ao restaurante onde a anfitriã trabalhava, porque tivera um imprevisto e só chegava de madrugada. Não se conheciam, Irene ligou-lhe pela primeira vez naquela noite para lhe dizer “que podia entrar e estar à vontade”.

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Regressou com mais dinheiro
No entanto, a experiência que mais o marcou foi a viagem de autocarro a caminho de Itália. Depois de horas numa estação de serviço em Viena a pedir boleia na direcção errada, viu um autocarro e pôs-se “quase no meio da estrada” com a placa branca que levava para os pedidos de boleia. O motorista teve pena, os passageiros concordaram em levá-lo a bordo. “Todo o acolhimento foi fantástico. De repente tinha 60 italianos a fazerem-me perguntas, a dar-me donativos, consegui logo alojamento”, conta. A viagem terminou em casa de uma das passageiras, que organizou um jantar com toda a família numa pizzaria italiana. “Sentia-me um famoso”, confessa.

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Contra quaisquer expectativas, o magro orçamento tornou-se lucro. As pessoas que lhe ofereciam alojamento “acabavam por oferecer também a alimentação”. Outras davam boleia, bilhetes de metro, dinheiro. Partiu com 31 euros. Regressou com 183,02 euros — como descreve detalhadamente no Facebook — e um novo vício: “falar com pessoas totalmente diferentes e conhecer as suas experiências de vida”.

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O único grande obstáculo foi mesmo “gerir todos os sentimentos de saudade”, confessa. “Foi o mais difícil da minha viagem, os pequenos momentos que sentia vontade de regressar a casa, sentia saudades da minha zona de conforto, das minhas pessoas”. O último dia em Viena “mal saiu à rua, estava em casa agarrado ao Facebook”, conta. Por isso, na próxima viagem deverá ser acompanhado, para ter uma experiência diferente. Ainda sem data ou destino, garante que vai repetir a aventura, não nos mesmos moldes mas “sempre com alguma componente desafiante”.

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Categoria/s: Viagens